Estar feliz, se sentir bem e com disposição para trabalhar é ótimo, mas, infelizmente, esta não é a realidade de muitos trabalhadores. Geralmente, nestes casos, há duas possíveis causas: a pessoa colaboradora tem problemas pessoais ou o ambiente de trabalho não está saudável. Quando essa segunda possibilidade é a realidade, talvez tenha faltado preocupação com o bem-estar corporativo e algumas ações precisam ser tomadas.
Muitas empresas acreditam que podem extrair o máximo de quem trabalha para elas e, como retorno, entregar apenas um salário competitivo e bons benefícios. Por mais que esses dois fatores sejam essenciais, não vão garantir um ambiente de trabalho sólido. Há muito mais questões que afetam o bem-estar corporativo e, por isso, saber mensurar essa percepção é fundamental.
É papel do RH das empresas acompanhar indicadores que tragam o entendimento sobre o nível anímico no ambiente de trabalho e a satisfação das pessoas da empresa. Por isso, este conteúdo vai aprofundar o assunto e trazer algumas percepções importantes sobre o tema. Acompanhe!
O que é o bem-estar corporativo?
O bem-estar corporativo trata da percepção dos funcionários sobre o ambiente de trabalho e a satisfação dessas pessoas em relação a isso. De maneira geral, o entendimento é de que muitos fatores influenciam esse bem-estar e, quando essas questões são identificadas, o RH pode trabalhar ativamente para promover ajustes e melhorias que levem ao bem-estar.
É sempre importante analisar essa sensação do ponto de vista geral. A preocupação da empresa, em primeiro lugar, deve ser em oferecer as melhores condições de trabalho que vão levar a esse bem-estar coletivo. Entre os fatores que fazem diferença para essa avaliação positiva estão:
- liderança qualificada e com bom relacionamento com pessoas colaboradoras;
- estrutura de processos organizada e eficiente;
- boas práticas da empresa em relação ao funcionário;
- salários e benefícios compatíveis;
- planos de carreira bem definidos;
- garantia de infraestrutura e recursos de trabalho;
- valorização profissional;
- desenvolvimento do colaborador.
Agora, do ponto de vista particular, ou seja, considerando cada pessoa colaboradora, pode haver variações dessa percepção em relação à opinião geral. Por mais que nem sempre a falta de avaliação positiva seja culpa da empresa, o RH precisa trabalhar ativamente para entender as causas e prestar todo o apoio a essas pessoas.
O bem-estar de funcionários é uma questão que abrange setores, a relação deles entre si e a estrutura complexa que isso tudo forma. Por isso, é sempre importante pensar que as pessoas estarão felizes se a empresa trabalha para que isso aconteça.
Por que investir no bem-estar dos colaboradores?
Primeiramente, porque ninguém trabalha bem estando infeliz. Se a ideia é pensar de maneira prática, não dá só para esperar que funcionários entreguem bom desempenho, resultados e construam coisas incríveis sem se sentirem bem e satisfeitos na empresa. Afinal, estamos falando de pessoas, certo?
Também não podemos pensar de forma utópica, imaginando que um bom trabalho de bem-estar corporativo fará com que todas as pessoas da empresa se sintam felizes e realizadas. Às vezes, a questão que impede uma pessoa colaboradora de se sentir feliz no trabalho é algo de ordem pessoal — e, mesmo nestes casos, o papel do gestor é essencial no apoio a este profissional, entendendo algumas ausências ou necessidades de flexibilização da jornada. No mínimo, a empresa deve garantir que o ambiente de trabalho seja o mais positivo e convidativo possível para que o trabalhador sinta=se acolhido e compreendido durante esta fase a qual ele se encontra.
De modo geral, colaboradores satisfeitos com o trabalho têm menores preocupações com o ambiente e a estrutura nas quais estão inseridos. Como resultado, essas pessoas conseguem render mais, ter mais foco no que precisam desempenhar e não se sentem incomodadas ou desmotivadas por algo que afete a rotina de trabalho delas.
Então, é clara a percepção de que a empresa só tem a ganhar quando investe adequadamente em boas práticas, planejamento, melhorias e monitoramento do ambiente de trabalho e a satisfação em relação a ele.
Employee experience é uma questão importante
Pensar em employee experience, do inglês, “experiência do colaborador”, é uma preocupação que o setor de RH tem como um dos objetivos nos últimos anos. Na prática, isso significa garantir que seu colaborador se sinta satisfeito com cada um dos momentos vividos na empresa — desde a contratação, passando pela rotina de trabalho, até, possivelmente, uma saída ou demissão.
Employee experience também inclui uma questão importante, que é a cultura organizacional. Dentro desse campo de ideias, a preocupação pelo bem-estar no trabalho também deve ser muito valorizada pela empresa. Afinal, se a companhia pensa na importância de ter pessoas satisfeitas com o ambiente de trabalho, então essa é uma empresa que se importa com a experiência do colaborador.
Quais são os indicadores que podem medir o bem-estar corporativo?
Indicadores são fundamentais para mensurar o bem-estar corporativo de maneira mais técnica e menos subjetiva. Portanto, um RH que trabalha com decisões orientadas por números e dados tem muito mais chances de entender o ambiente de trabalho e o quão perto (ou longe) ele está do ideal projetado pelo setor. Conheça alguns indicadores importantes a seguir:
ESI
ESI é uma sigla para Employer Satisfaction Index, do inglês, “Taxa de Satisfação do Colaborador”. Ou seja, você consegue medir de maneira precisa o quanto as pessoas que estão na sua empresa se mostram felizes com o emprego, o ambiente e tudo que está relacionado a essas questões.
Esse indicador parte de um cálculo. Mas antes de chegar à fórmula, é necessário implementar uma pesquisa em que as pessoas colaboradoras devem avaliar a empresa de 1 a 10 dentro destas três perguntas:
- “Qual é seu nível de satisfação com o ambiente de trabalho hoje?”
- “Atualmente, o ambiente de trabalho atende às suas expectativas?”
- “Quão próximo do ideal está seu atual ambiente de trabalho?”
Depois disso, basta aplicar o seguinte cálculo, considerando as avaliações:
ESI (%) = [((valor total das respostas ÷ 3) – 1) ÷ 9] x 100
Na média, o resultado da taxa ESI precisa ser de 60% ou acima. Qualquer número abaixo disso deve ser preocupante para a empresa e planos de ação devem ser traçados.
Absenteísmo
A taxa de absenteísmo mensura nada mais é que a quantidade de faltas que as pessoas colaboradoras têm na empresa. A grande questão por trás dessa avaliação vai além da mensuração individual, para tentar perceber se o volume de faltas é alto de modo geral. Se sim, não dá para simplesmente colocar a culpa em falta de comprometimento. É melhor ligar o alerta!
Sobrecarga, doenças de ordem mental, doenças físicas, síndrome de burnoute outros problemas podem ser consequência de um ambiente de trabalho ruim. Portanto, saber mensurar o absenteísmo é fundamental. O cálculo funciona da seguinte forma:
Absenteísmo (%) = horas não trabalhadas / horas trabalhadas x 100
O ideal é que esse resultado fique sempre acima de 1,5% — taxa considerada normal para a maioria das empresas.
Turnover
Turnover é a taxa que mede o volume de rotatividade dos colaboradores, considerando as saídas; seja por demissão, seja por iniciativa própria. É importante destacar que até mesmo uma demissão pode estar relacionada a um ambiente de trabalho ruim que passa a afetar o colaborador.
Portanto, uma empresa com uma taxa de turnover alta precisa se atentar ao que está causando isso. Certamente, esse é um cenário recorrente em companhias que não prezam ou não conseguem ter um bom trabalho de bem-estar corporativo. O cálculo deste indicador funciona assim:
Turnover = (admissão + demissão/2) /nº total de funcionários ativos
O ideal é manter essa taxa entre 5 e 10%.
Como garantir o bem-estar dos colaboradores?
Trabalhar para ter pessoas felizes e se sentindo bem dentro do ambiente corporativo precisa ser uma prioridade. Por isso, desenvolver pontos essenciais é o que vai fazer toda diferença para alcançar um ambiente saudável na empresa. Veja como conseguir isso:
Foco na saúde física e mental
Saúde deve ser uma prioridade e as empresas devem ter a preocupação tanto com a parte física quanto com a mental. Alguém com muitas dores nas costas por falha de infraestrutura ergonômica sofre de impeditivos diferentes de alguém que está cansado e ansioso. No entanto, em ambos os casos, temos pessoas que não conseguirão estar felizes e focadas no trabalho.
Portanto, é papel da empresa garantir um ambiente de trabalho adequado nessas duas perspectivas. O foco na ergonomia e segurança das pessoas trabalhadoras garante saúde física e disposição para trabalhar. Enquanto isso, a preocupação com o desgaste mental, a pressão excessiva e possíveis consequências de lideranças tóxicas também precisam ser consideradas.
Remuneração competitiva
Ganhar bem é o objetivo de praticamente todo trabalhador que está no mercado. Dinheiro traz segurança, conforto, permite fazer planos e garante o suporte para a família. Além disso, remuneração competitiva com o setor também mostra que sua empresa está valorizando aquele funcionário. A união desses fatores é importante para ter pessoas satisfeitas com o trabalho que têm.
Indo além de salários, os benefícios também pesam nesse cálculo, principalmente quando estão relacionados ao bem-estar dos colaboradores. São questões que eliminam preocupações importantes que as pessoas têm, como saúde da família, por exemplo.
Por fim, sabendo que tudo está sob controle e o trabalho é bem remunerado, o bem-estar de pessoas colaboradoras é concreto.
Avaliações e reconhecimento
As avaliações periódicas são uma boa oportunidade de dizer ao seu colaborador que ele está fazendo um bom trabalho, mostrando também os motivos que levaram a isso. Em alguns casos, as avaliações podem não ser tão boas, mas isso também é importante para pontuar o que precisa ser melhorado. Sem feedbacks, como as pessoas que trabalham na empresa podem se desenvolver?
O reconhecimento e o direcionamento são guias importantes para que profissionais consigam entender em qual ponto estão e para onde devem ir em relação à atuação cotidiana. Seria muito injusto não dizer o que está errado ou não reconhecer um bom desempenho. Portanto, o RH precisa valorizar o processo de feedback e estruturá-lo para que seja realmente valioso ao colaborador.
Gestão focada em desenvolvimento e respeito
Gestores, líderes e pessoas em posição de chefia têm papel fundamental no bem-estar corporativo de empresas. Se quem está nesses cargos não sabe como lidar com pessoas, provavelmente veremos situações ruins acontecerem, algo que afeta diretamente o clima organizacional. Se isso acontece, não dá para esperar que o bem-estar na sua empresa seja algo realmente concreto.
Portanto, a cultura organizacional deve estar alinhada com uma abordagem mais empática e focada no desenvolvimento de pessoas. A liderança precisa honrar o papel que tem e, dessa forma, conduzir funcionários aos objetivos, ajudando essas pessoas trabalhadoras a crescerem e, dessa, maneira entregarem bons resultados.
Infraestrutura adequada à disposição
Ninguém consegue trabalhar sem a infraestrutura mínima. Isso inclui mesas, cadeiras, computadores, outros periféricos necessários, software, sistemas e o que mais for preciso. Quando uma empresa não providencia o que é fundamental à rotina de trabalho, dificilmente terá os resultados que espera. Afinal, sem ferramentas não se pode construir, e isso vale para qualquer trabalho.
Aqui, é importante destacar também que essa oferta de infraestrutura deve se estender ao home office, com o envio de computadores e também com suporte financeiro na compra de material de escritório, como mesas e cadeiras. O importante é que colaboradores possam trabalhar equipados de tudo o que precisam, mesmo sem estar fisicamente no escritório da empresa.
Como o bem-estar pode impactar a sua empresa?
O bem-estar corporativo afeta empresas de maneira direta. Investir em pessoas e em um clima e ambiente organizacional que promovem motivação e felicidade é fundamental. Se há bem-estar, há respostas positivas como as que você confere na sequência.
Desenvolvimento da empresa
Se está todo mundo bem na sua empresa, então todo mundo vai se dedicar ao máximo a processos, projetos e afazeres. Esse contexto vai levar sua companhia para o melhor estado possível, claro, se a gestão estratégica é bem direcionada. No ponto de vista de desenvolvimento corporativo, sua companhia só tem a ganhar com o bem-estar.
Ambiente de trabalho reconhecido no mercado
Profissionais buscam saber mais sobre a cultura da empresa antes de se candidatarem a uma vaga. Isso pode ser entendido, principalmente, com troca de ideias feitas com pessoas que trabalham ou já trabalharam na companhia em questão. Se o retorno é negativo, a imagem da empresa começa a ficar ruim no mercado, dificultando a captação de bons profissionais.
Produtividade potencializada
Por fim, pessoas felizes e satisfeitas com o ambiente corporativo desejam entregar o máximo e ver seus esforços gerando resultados. Para a empresa, isso significa maior produtividade, o que é o que toda companhia deseja. Vale muito a pena entender a importância do bem-estar!
Com a crescente preocupação acerca da cultura organizacional e como ela impacta pessoas dentro de empresas, há uma orientação natural a aumentar a qualidade dos ambientes profissionais. Portanto, o bem-estar corporativo deve ser uma prioridade!
Bem-estar também tem relação com a sensação de pertencimento e identificação, o que se obtém com diversidade. Portanto, veja a importância de ter pessoas líderes negras na sua empresa!
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