Você sabe qual é o percentual de líderes negros no Brasil? De acordo com o IBGE, apesar de a população negra e parda representar cerca de 54,9% da força de trabalho, ela ocupa apenas 29,9% dos cargos de gestão. Infelizmente, esse é o retrato da desigualdade.
A boa notícia é que o RH tem a oportunidade de promover uma mudança ao investir em diversidade racial nas empresas. Além de desenvolver a consciência cultural e social da equipe, colocar pessoas negras na liderança é uma forma de garantir representatividade do negro no mercado de trabalho.
Quer entender melhor a importância da liderança negra e como trabalhar isso nas organizações? Continue a leitura que explicamos tudo a seguir!
Qual é a importância da diversidade na liderança?
Um dos pontos mais importantes é a questão da representatividade. Quando não existem negros em cargos de liderança, os jovens ficam sem referência. Essa falta de exemplos se torna uma barreira para o crescimento profissional.
Já do ponto de vista financeiro, a diversidade nas empresas é lucrativa. De acordo com o estudo da McKinsey & Company intitulado como “Why diversity matters” — em português, “Porque a diversidade importa” —, empresas com maior diversidade étnica e racial têm 35% mais chances de ter retornos financeiros acima da média.
Quando se trata de cargos de liderança, a diversidade tem um papel ainda mais importante. Nos Estados Unidos, por exemplo, a cada aumento de 10% na pluralidade de etnia e de raça entre a equipe de executivos, o EBIT — lucros antes de juros e tributos — da empresa cresce 0,8%.
São várias as razões para esse alto desempenho, e uma delas é o aumento do engajamento de colaboradores por causa da atmosfera de respeito e valorização. Isso é bom tanto para reforçar o Employee Experience, quanto para atrair e reter talentos.
Outro ponto que merece atenção é a troca de experiências. Ao montar equipes plurais com negros em todos os níveis hierárquicos, é possível enriquecer as discussões com diversos pontos de vista. Com isso, os colaboradores conseguem ressignificar ideias e o ambiente de trabalho fica mais propício à criatividade e inovação.
Como aumentar o número de líderes negros na empresa?
Promover uma agenda de diversidade e inclusão exige um planejamento minucioso. Afinal de contas, não basta contratar negros e pardos, e promovê-los para cargos gerenciais. É necessário preparar o ambiente com ações de conscientização para o público interno e programas de capacitação para líderes negros. E esse é trabalho para o RH.
A seguir, vamos dar algumas dicas para enfatizar a cultura da diversidade na empresa. Veja!
Desenvolva uma cultura organizacional antirracista
O baixo percentual de pessoas negras na liderança é resultado do racismo estrutural. Expressões como “a coisa está preta”, “denegrir a imagem” e “inveja branca” são exemplos disso. Essas são frases racistas e devem ser abolidas do vocabulário das pessoas.
Então, para criar um ambiente de trabalho de respeito e valorização, é importante investir em ações de conscientização para o público interno com ações afirmativas de combate ao racismo. Essa é uma forma de incluir a diversidade no DNA da empresa.
Nesse contexto, é possível criar um calendário com eventos comemorativos e palestras informativas com a temática. Vale aproveitar datas históricas, como:
- 21 de março: Dia Internacional da Luta contra a Discriminação Racial;
- 13 de maio: Dia da assinatura da Lei Áurea, que aboliu a escravatura em 1888;
- 25 de julho: Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha;
- 03 de agosto: Dia da Capoeira;
- 20 de novembro: Dia da Consciência Negra.
E mais: esse trabalho deve envolver suporte jurídico e psicológico. Afinal de contas, racismo é crime e a discriminação pode afetar a saúde mental dos colaboradores. Logo, oferecer respaldo nesses casos é fundamental. Além disso, é interessante criar uma estrutura de comunicação eficiente para que os funcionários possam dar feedbacks sobre as ações relacionadas ao tema.
Crie programas de liderança só para negros
Criar ações direcionadas para a contratação e desenvolvimento de lideranças negras é uma questão de reparação histórica. Isso porque a abolição da escravatura que aconteceu lá em 1888 não foi acompanhada de políticas inclusivas.
É por isso que negros e pardos têm menores oportunidades de educação e trabalho que os brancos. Já se passaram mais de 130 anos e, ainda assim, é possível perceber traços de racismo no nosso dia a dia. É a herança da escravidão.
A política de cotas raciais nas universidades, processos seletivos exclusivos para negros e pardos, e programas de liderança negra, portanto, são formas de corrigir — ou, pelo menos, reduzir — as injustiças causadas pelo racismo estrutural.
Invista no desenvolvimento e capacitação de líderes negros
Uma das principais justificativas das empresas para a ausência de líderes negros no quadro de funcionários é a falta de capacitação desse grupo. Contudo, a premissa não é verdadeira.
Em 2018, por exemplo, os estudantes negros e pardos ocuparam 50,3% das cadeiras de universidades públicas. Isto é, eles já são maioria no ensino superior. Apesar disso, a população negra ainda representa 72,9% dos desempregados do país. Isso evidencia que, mesmo após a formação, o mercado não absorve esses profissionais como deveria.
Nesse contexto, o que pode acontecer é que as pessoas negras não conseguem desenvolver habilidades práticas por falta de oportunidades. Então, uma forma de trabalhar isso é criar programas de desenvolvimento e capacitação de lideranças.
Lembre-se da equiparação salarial
Em 2020, a Catho fez um levantamento sobre as diferenças salariais entre negros e brancos e o resultado não foi nada animador: trabalhadores negros em cargos de liderança recebem, em média, 22% menos que os brancos.
Isso reflete até nos profissionais superqualificados. Profissionais negros têm remuneração 15% menor mesmo com doutorado, -23% com mestrado e -23% com MBA. A equiparação salarial é importante para garantir igualdade de direitos e uma sociedade mais justa.
Desenvolver líderes negros é uma pauta urgente. Afinal de contas, 56% da população brasileira se autodeclara negra. Apesar de ser maioria, não existe igualdade de oportunidades. O que acha de, juntos, mudarmos essa realidade?
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