Não há dúvidas de que o processo de recrutamento e seleção (R&S) é uma das atividades mais importantes sob a responsabilidade do setor de RH. Afinal, a partir dela, torna-se possível formar uma equipe de colaboradores que esteja verdadeiramente alinhada aos objetivos institucionais.
Na prática, ao final de uma seletiva, a escolha do candidato ideal para a vaga em aberto impacta diretamente o atingimento dos resultados buscados, o que, por sua vez, influencia os níveis de crescimento organizacional — daí a relevância de uma decisão certeira. Nesse intuito, o teste situacional se revela um incrível aliado.
Nas próximas linhas, vamos explicar o seu conceito em mais detalhes, destacar os elementos que o compõem, descrever como elaborá-lo, entre outras informações-chave. Continue a leitura!
O que é o teste situacional?
Em alguns empreendimentos, a estruturação dos processos seletivos se torna um desafio, principalmente levando em consideração que uma seleção equivocada pode gerar prejuízos que vão bem além dos reflexos negativos sobre a saúde financeira da empresa.
Nesse contexto, o teste situacional é uma estratégia à qual o departamento de RH recorre com a finalidade de avaliar as reações de cada candidato perante os desafios inerentes ao cargo vago e as suas principais atribuições. Na prática, isso acontece a partir da simulação de situações cotidianas.
Ou seja, durante o processo seletivo, algumas ocorrências comuns à rotina da função são reproduzidas para que os recrutadores tenham a oportunidade de analisar as atitudes dos profissionais. Afinal, a depender do tipo de conduta adotado, pode-se ter uma ideia mais clara de quão alinhado cada talento está em relação às expectativas da companhia contratante.
Quais são os elementos que o compõem?
Um ponto interessante a destacar é que os testes situacionais podem ser divididos em dois modelos:
- testes mais simples que são aplicados ao longo das entrevistas conduzidas pelos recrutadores;
- testes aplicados em um ambiente online que envolvem avaliações mais complexas do comportamento dos candidatos.
No segundo caso, ainda que também sejam utilizadas ferramentas tecnológicas — como acontece nos testes técnicos online, que têm o objetivo de analisar e comprovar a capacidade técnica dos profissionais —, os testes são projetados por analistas comportamentais, psicólogos e cientistas de dados.
Afinal, o propósito é entender como os participantes da seletiva agem sob determinadas circunstâncias a partir da perspectiva que eles têm sobre o mundo. Diante disso, a simulação da vivência do dia a dia do cargo a ser preenchido pode ser conduzida de diferentes modos.
No momento de selecionar o(s) método(s) ideal(is), o mais importante é levar em conta as demandas da vaga e/ou o perfil da função em aberto. A seguir, conheça alguns exemplos de testes situacionais mais comumente aplicados!
Dinâmicas em grupo
O teste situacional pode ser aplicado durante dinâmicas em grupo, com a apresentação de um problema e/ou de uma situação. Nesse caso, espera-se uma solução coletiva.
É possível, por exemplo, descrever para os participantes um cenário no qual, em meio ao desenvolvimento de um projeto, houve grandes mudanças estruturais que impactaram negativamente a execução. Os detalhes devem ter relação com a atividade da empresa.
No entanto, diante da necessidade de atender ao prazo de entrega, que não é prorrogável, alguma medida criativa deve ser tomada para driblar o problema. Na prática, ao longo da atividade, o recrutador tem a oportunidade de avaliar mais a fundo algumas competências específicas, como o espírito de liderança e a capacidade de trabalhar em equipe.
Simulação das atividades cotidianas
Nesse método, via de regra, os candidatos são confrontados — de maneira prática — com situações comuns ao dia a dia do cargo a ser preenchido. Normalmente, é exposto um contexto e os profissionais precisam propor uma solução para o cenário narrado pelo recrutador.
Em geral, após a exposição, as perguntas situacionais começam com “O que você faria (…)”. Por exemplo: “O que você faria ao ter de lidar com um consumidor insatisfeito com o funcionamento de um produto, quando, na verdade, a percepção dele acerca da proposta do item estava equivocada no momento da aquisição?”.
A partir dessa simulação, torna-se possível avaliar algumas habilidades, como a capacidade de compreensão, a criatividade, a aptidão para a resolução de problemas etc.
Entrevistas situacionais
Nesse método de avaliação, os recrutadores estimulam os participantes da seletiva a relatarem vivências críticas reais, descrevendo como reagiram perante as circunstâncias. Além disso, as entrevistas situacionais são uma excelente oportunidade para observar a argumentação, a postura e o tempo que os profissionais levam para responder ao que foi questionado.
Algumas possíveis perguntas para testes situacionais que podem ser também incluídas nessa metodologia de avaliação são:
- Como você repararia um erro cometido ao longo de um projeto?
- De que forma você motivaria um integrante da equipe pouco engajado?
- O que você faria em uma situação na qual seria inviável atingir os objetivos traçados?
Contudo, é essencial ressaltar que os responsáveis pela condução das entrevistas situacionais devem ser bem preparados, tanto para a elaboração das perguntas quanto para a análise adequada das respostas. Ou seja, é recomendável que eles realmente se dediquem a essa etapa da seleção.
Como elaborar um teste situacional?
Quem atua no setor de RH e é encarregado de estruturar os processos de R&S sabe que, via de regra, a construção dessa atividade se dá em estágios. Nesse sentido, em se tratando da elaboração de um teste situacional, o mais indicado é observar o passo a passo elencado a seguir.
Determine os objetivos do teste situacional
É indispensável traçar objetivos claros nessa etapa, o que envolve, por exemplo, o perfil da posição em aberto, o perfil do talento que a empresa busca para preenchê-la etc.
A partir desse passo inicial, o recrutador poderá traçar um trajeto a ser percorrido, definindo o que deverá ser analisado nos participantes durante o teste e como ele fará para analisar isso (elaborando as perguntas certas, entre outras medidas). Isso facilitará a triagem dos candidatos.
Observe o comportamento dos participantes da seletiva
Como dito, a proposta da aplicação de testes situacionais é avaliar o comportamento dos candidatos e, então, identificar os profissionais que apresentam fit com a vaga em aberto e com a empresa. A grande questão é que, para que isso seja viável, os objetivos mencionados acima devem estar bem estabelecidos.
Do contrário, é possível que o recrutador foque aspectos que não são realmente relevantes para a organização naquele momento.
Seja justo ao fazer as análises
Na aplicação de um teste situacional, é fundamental ser tão realista quanto possível na análise dos participantes da seletiva. Inclusive, isso evitará eventuais frustrações para ambas as partes — os talentos e a empresa.
Portanto, lembre-se de manter em mente que vivemos hoje uma era extremamente globalizada, o que resulta em uma concorrência enorme por vagas. Logo, a admissão de um novo colaborador jamais deve ser fundamentada em “achismos” e deduções sobre ele, e sim no que ele realmente apresenta no teste.
Ou seja, ao longo do processo de recrutamento e seleção, evite ao máximo que questões pessoais, como antipatias ou simpatias, exerçam qualquer influência sobre o seu julgamento.
Quando e por que usá-lo?
Vimos que os testes situacionais representam um aliado poderosíssimo na identificação dos candidatos que se mostram mais bem alinhados ao perfil da vaga em aberto e à cultura organizacional. Então, na prática, é possível recorrer a esse recurso sempre que o propósito for aumentar as chances de concretizar uma contratação bem-sucedida.
No entanto, além disso, a sua aplicação proporciona diversas outras vantagens, como:
- o enriquecimento das estratégias institucionais;
- o desenvolvimento de uma cultura organizacional mais bem consolidada e fortalecida;
- a redução de contratações ineficazes;
- a diminuição das despesas relativas a desligamentos e/ou processos trabalhistas;
- a redução dos índices de rotatividade de pessoal, abrangendo tanto as demissões voluntárias quanto as involuntárias etc.
Como visto, o teste situacional viabiliza a análise das condutas e das competências do futuro colaborador. Afinal, na prática, a partir da simulação de situações rotineiras inerentes ao cargo em aberto, torna-se possível observar como cada um dos candidatos que participam do processo seletivo reage diante dos desafios e das principais atividades relativas à função, tornando as contratações mais certeiras.
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