Competências técnicas ou comportamentais? Entenda de uma vez o conceito de competências digitais
Ainda que a tecnologia faça parte das nossas vidas e, consequentemente, do trabalho, é seguro afirmar que nem todo profissional está preparado para a transformação digital na qual estamos inseridos. Mesmo os mais jovens, que já cresceram com tablets e smartphones, ao ingressarem no mercado de trabalho, estão lidando com desafios: a cobrança pelas competências digitais.
Elas não são técnicas. Não se trata de aprender sobre tecnologia da informação ou sobre como gerenciar dados e transformá-los em estratégias, ainda que isso seja bastante útil. Essas competências são consideradas mais difíceis de achar por se parecerem com as soft skills: elas dependem de experiências de vida para serem desenvolvidas.
Entenda melhor, nos tópicos a seguir.
O que são competências digitais?
Chamamos de competência digital o grupo de habilidades que um indivíduo tem para operar sistemas e soluções virtuais. São profissionais que apresentam maior desenvoltura para, por exemplo, lidar com um ERP (sistema integrado de gestão empresarial), inserir documentos na nuvem, gerenciar redes sociais e conseguir estruturar um site ou, até mesmo, um aplicativo.
O diferencial dessas competências é que a simples noção desse manuseio não basta. Elas abrangem a aquisição de valores, atitudes e regulamentos acerca da tecnologia, abrindo caminho para um consumo consciente de informação e uso responsável dos dados.
Analfabetismo digital
Assim como em qualquer outra habilidade, o conhecimento em ferramentas digitais tem níveis. Alguém que sabe o básico é aquele que liga o computador, abre um programa e realiza uma atividade simples.
O intermediário consegue fazer mais operações e o avançado tem bastante familiaridade com o tecnológico. Mas e quem não faz parte de nenhum desses três níveis? Estamos diante de um analfabeto digital.
Essa expressão é associada àqueles que não têm domínio do que se relaciona com a tecnologia. Têm pouquíssimo ou nenhum conhecimento a respeito. Em geral, essa condição tem a ver com a desigualdade social e seus desdobramentos.
Por que é importante desenvolvê-las?
De acordo com um relatório da Comissão Europeia de 2018 — International Digital Economy and Society Index —, o Brasil consta no final do ranking de países cujos profissionais apresentam esse tipo de competência. Nos primeiros lugares figuram, respectivamente, australianos, islandeses e neozelandeses.
Sabemos que a cobrança por esses conhecimentos está cada vez maior, afunilando as vagas de emprego. Dessa forma, sobressai-se quem compreende essa importância e investe seus recursos para aprender e garantir as melhores oportunidades. Afinal, o impacto desse aprendizado não tem valor apenas na vida profissional!
Como investir na capacitação digital dos colaboradores?
Assim como o profissional se destaca quando toma a iniciativa de aprender e dominar as competências digitais, uma empresa também se beneficia ao estimular e praticar estratégias para facilitar esse caminho. A pergunta é: como fazer isso? Aprenda, a seguir!
Invista em treinamentos
Todo departamento tem suas necessidades em relação ao aprimoramento de competências. Para isso, existem os planos de desenvolvimento. A definição dessas habilidades é essencial para que os colaboradores consigam fazer entregas melhores, assim como para a companhia, que deseja alcançar suas metas e resultados.
Se o setor de gestão de pessoas está implementando um novo software de recrutamento inteligente, é preciso treinar os profissionais que vão operá-lo. É fundamental que entendam cada função, para que o programa seja usado da forma correta e atenda ao objetivo para o qual foi contratado.
O mesmo vale para o setor comercial, que depende de CRM (Sistema de gestão de relacionamento com o cliente). O conhecimento nas plataformas dá autonomia para que os funcionários sejam mais produtivos e ágeis.
Estimule a autonomia
Ainda que a empresa desempenhe um papel relevante no processo de aprendizagem, ela deve reforçar que é a proatividade do empregado que vai levá-lo mais longe. Sabemos que a autonomia é uma soft skill poderosa e abre muitas portas para quem busca soluções por conta própria.
Portanto, vale frisar que fornecer meios para o desenvolvimento é essencial, desde que isso não engesse o colaborador naquela condição, sempre esperando que haja um estímulo.
Adapte o recrutamento dos profissionais
O processo de recrutamento e seleção é a porta de entrada da empresa. Mesmo que apenas alguns candidatos sejam aprovados, todos que participam têm contato com a cultura, e é um dos momentos relevantes para identificar se o employer branding funciona.
Então, os profissionais responsáveis por essa parte têm que direcionar seus esforços para elaborar descrições de cargo eficientes. Isso é o que vai dar mais clareza para contratar as pessoas certas, alinhadas com o que a organização espera e precisa naquele momento.
Qual é o papel do RH no desenvolvimento das habilidades digitais?
Se tem uma área que é fundamental para esse desenvolvimento, é a de Recursos Humanos. A eles cabe a responsabilidade de treinar e capacitar, primeiramente, realizando um levantamento do que cada setor e funcionário precisa para desempenhar bem suas atividades.
Mas depois deles, vêm as lideranças, a maior ponte entre a alta gestão e os liderados, os embaixadores da comunicação interna. Comecemos por eles.
Engajamento com os gestores
Sem o apoio da gestão, a missão do RH se torna um desafio maior. Imagine abraçar uma empresa com centenas, milhares de colaboradores? É humanamente impossível, mesmo para uma grande equipe.
Qualquer estratégia não seria 100% eficiente. Por isso, a capacitação depende do engajamento da gestão, inclusive, eles participam ativamente. Afinal, eventualmente, também precisam ser desenvolvidos nas novas habilidades.
Cultura
A cobrança para ter uma cultura de inovação é intensa. Sabemos que, para isso, a identidade da companhia deve ter um formato alinhado aos seus objetivos estratégicos.
Para ter colaboradores inovadores, é preciso estimulá-los, dar-lhes voz, espaço e motivação. A área de RH participa desse processo, identificando quais ferramentas podem potencializar o engajamento das pessoas.
Diálogos e feedbacks
A capacidade de se comunicar bem, para além da oratória, já é considerada uma grande competência. Essa habilidade consiste em levar o outro a entender exatamente a mensagem, sem ruídos — e isso pode ser bastante desafiador.
Portanto, também é papel do RH estimular internamente o diálogo e os feedbacks, considerando que há diversos setores que lidam diretamente com o cliente (como o marketing e o comercial), usando ferramentas digitais, que demandam empatia, ética e profissionalismo.
As competências digitais chegaram para ficar. Profissionais e empresas de todos os segmentos estão se adequando às novas exigências do mercado. Se a sua está nesse percurso, invista em tecnologias que permitam um melhor gerenciamento de tempo e mais competitividade nas estratégias.