Acordar sentindo cansaço e perceber que essa exaustão não é apenas física, mas sim essencialmente mental. Quando vêm acompanhados de dor de cabeça, dificuldade para se concentrar e noites mal-dormidas, esses sintomas são comuns para quem sofre com exaustão no trabalho, isto é, a tal síndromede burnout.
Para se ter uma ideia de sua gravidade, que se tornou mais relevante com a pandemia da Covid-19, ainda em 2019 foi realizada uma pesquisa pela International Stress Management Association (Isma-BR). O estudo constatou que o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de trabalhadores afetados pelo transtorno.
Como as empresas podem amenizar esse cenário? Você está prestes a descobrir!
O que é a síndrome de burnout?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a síndrome de burnout (ou síndrome do esgotamento profissional) como um esgotamento que é fruto do ‘estresse crônico no local de trabalho’. Isso significa que seus sintomas e causas estão relacionados ao que o funcionário vive no local em que exerce sua profissão.
Pode ser ocasionado por uma excessiva carga de trabalho — seja pelo volume de atividades, seja pela longa jornada ou pelo clima organizacional. Também, quando o profissional não se sente bem entre a equipe ou tem uma má relação com seu chefe ou, ainda, pela pressão do ambiente, quando existe a imposição para alcançar determinados resultados em um período de tempo.
Não se deve comparar a exaustão no trabalho com cansaço nem fadiga! O primeiro é comum, e vem como uma simples indisposição, que desaparece após uma noite de sono bem dormida ou um fim de semana de lazer. Já a fadiga exige ser levada mais a sério, pois pode indicar alguma doença, como anemia. Então, é necessário analisar o cenário completo para saber do que se trata.
Como as empresas podem evitar a exaustão no trabalho?
Se o problema surge no trabalho, também é uma responsabilidade da empresa pensar em estratégias que reduzam sua incidência. Para isso, o primeiro passo é conscientizar a gestão sobre a importância de respeitar o limite das pessoas, criando uma cultura colaborativa e de empatia. Então, vamos começar pela cultura.
Cultura de valorização
Como pontuamos, o ambiente tem grande influência em como o colaborador se sente. Se o local de trabalho é um espaço em que ele se sente respeitado por quem é e à vontade para expor suas ideias e opiniões, é provável que seja um lugar agradável, com uma cultura de valorização sólida.
Naturalmente, isso vai ser um motivo a mais para que ele deseje fazer parte da empresa, e uma motivação para entregar seu melhor. Essa mesma cultura deve incluir iniciativas de reconhecimento, com ações pontuais para lembrar a cada profissional por que seu trabalho é essencial, qual é sua responsabilidade no todo e que a companhia também tem interesse no desenvolvimento de sua carreira.
Incentivo à qualidade de vida
Não basta destacar as vantagens da prática de esportes no informativo de comunicação interna. Quando a organização quer contribuir ativamente para a qualidade de vida de quem trabalha para ela, tem que investir em programas próprios para esse fim.
Que tal propor parcerias com academias para garantir descontos para os colaboradores? Dependendo do segmento, dá para fazer ações com Sesc ou Senai, propondo preços mais atrativos em diversas modalidades de exercício. Essa prática é excelente para liberar a serotonina, o famoso hormônio que causa bem-estar. Ele é um ótimo aliado para afastar o cansaço!
Otimização do tempo de trabalho
Estimular a prática de atividade física sem proporcionar tempo para tal é contraditório, não é? Uma vez que a gestão compreende a importância de ter seus funcionários com boa saúde mental (e o impacto que se exercitar tem nisso), ela deve se planejar para adaptar a jornada de trabalho.
As metas e objetivos são igualmente relevantes e devem ser priorizados, mas é preciso ser flexível e pensar em conjunto (com a área de RH) como é possível trazer equilíbrio para essa equação.
Abertura ao diálogo
Esse ponto toca RHs e gestores: quão confortáveis os colaboradores se sentem para ser honestos sobre como estão se sentindo ou acioná-los em uma urgência? A exaustão no trabalho não acontece do dia para a noite. São vários episódios, a médio ou longo prazo, que culminam em uma intensa crise de cansaço.
Os sinais existem. O olhar das lideranças tem que ser treinado para enxergar esse tipo de sintoma. Quanto mais cedo for identificado, mais fácil será reverter e melhorar.
É possível que outras pessoas da equipe estejam passando pelo mesmo momento, que seja um sentimento compartilhado. As pessoas não falam até que se sintam confortáveis, acolhidas, em um ambiente livre de julgamentos e ameaças.
Acompanhamento de indicadores
O turnover é um dos indicadores mais importantes, porque é ele que aponta se há equilíbrio entre as admissões e desligamentos. Quando não tem, o RH deve estudar o que está gerando o desequilíbrio. É normal que um funcionário cansado não produza e que, com o tempo, sem mudança de quadro, ele seja demitido (ou saia voluntariamente).
Sabemos que existem dezenas de motivos por trás de uma demissão e que nem tudo se resume a esse transtorno; e é por isso que acompanhar as métricas é necessário. Elas ajudam a entender o público que compõe os resultados. O objetivo de qualquer indicador é fornecer dados, e são eles que servem como base para criar um plano de ação para melhorar o que é preciso.
O capital humano é o ativo mais importante de uma empresa – e isso não é só uma frase bonita para estampar o quadro da recepção. Nenhuma organização sobrevive sem seus empregados. Então, por que não investir neles e em seu bem-estar, quando sabemos que isso é uma condição para que despertem seu potencial e produtividade?
A exaustão no trabalho é um problema real e demanda ações rápidas e contínuas. Por isso, RH e lideranças devem andar juntas e encabeçar o processo.
Vamos continuar falando sobre assuntos importantes para o bem-estar dos colaboradores? Consulte nosso guia do RH sobre saúde mental!