A representatividade feminina na tecnologia é um assunto em alta devido às vantagens da diversificação das equipes nesse setor. Consiste no aumento da presença de mulheres no segmento tecnológico, oferecendo para elas oportunidades de formação e de participação em processos seletivos para ocupar vagas dentro das organizações.
Entre os anos 2017 e 2019 houve um aumento de 5% dos convites para mulheres ocuparem vagas em tecnologia e gestão de negócios. No entanto, a presença delas no mercado chega a ser menor. Além disso, existem barreiras e diferenças que continuam desestimulando a representatividade feminina no setor. Por que isso ainda é uma realidade?
Para entender o cenário, e também a importância da presença das mulheres na tecnologia, conversamos com a Gerente de Desenvolvimento da Catho, Yara Silva. A especialista também deixou dicas do que pode ser feito para garantir mais oportunidades para elas no segmento. Acompanhe!
Conheça mulheres que se destacam no setor de tecnologia
Os homens predominam no segmento tecnológico, mas, aos poucos, essa realidade vem mudando, e as mulheres estão encontrando mais oportunidades. De toda forma, as diferenças ainda existem, com isso, a representatividade feminina na tecnologia acaba sendo prejudicada.
Conforme os dados que citamos na introdução, no setor de desenvolvimento, por exemplo, a participação das mulheres é de apenas 11%. Segundo Yara, existem áreas em que a representatividade feminina é ainda menor. Por isso, ela diz que esse tema precisa ser colocado em pauta, mas, ainda assim, vê um cenário positivo.
“Eu vejo uma discussão muito bacana, que não existia há alguns anos. Não se falava sobre presença feminina — hoje, a gente fala sobre isso, discute, pensa em ações, temos espaço para essas conversas nas empresas. Estamos em um momento bem diferente, com mulheres dando passos bastante importantes.” — Yara Silva
Muitas profissionais conseguiram alcançar destaque no segmento tecnológico em função da sua competência, excelência no trabalho ou das inovações que promoveram. A seguir você confere algumas delas.
Nina Silva
A sócia-fundadora do movimento Black Money é uma das 100 pessoas afrodescendentes mais influentes do mundo com menos de 40 anos. Esse projeto da executiva de TI (Tecnologia da Informação) formada em administração já rendeu frutos, como a fintech D’Black Bank. Com mais de 17 anos de experiência, já passou por grandes empresas, como Honda, L’Oréal, Oi e Hasbro.
Ana Fontes
Em 2010, Ana fundou a Rede Mulher Empreendedora para ajudar as empreendedoras do Brasil e hoje já mudou a vida de mais de 270 mil mulheres. O projeto é a maior rede do segmento em todo o país, além de contar com uma plataforma, realiza eventos para compartilhar conteúdos, informação e divulgar as empresas das mulheres.
Hedy Lamarr
Durante a Segunda Guerra Mundial, a austríaca Hedy Lamarr trabalhou em invenções com canais de frequência com o objetivo de despistar inimigos. Assim, junto de George Antheil, inventou o sistema de base utilizado nos dias atuais para os telefones celulares, e isso possibilitou o desenvolvimento da tecnologia GPS, do bluetooth e do Wi-Fi.
Rachel Zimmermann
Aos 12 anos, Rachel criou a impressora Blissymbol para ajudar pessoas com dificuldades de comunicação. Um software é responsável por gravar os pensamentos da pessoa e transmitir mensagens de e-mail com os símbolos da impressora, que fazia a tradução deles para a linguagem conhecida por nós.
Compreenda a importância do empoderamento feminino no segmento
Como você viu, a representatividade feminina na tecnologia não é um assunto muito atual. As mulheres já vêm buscando seu espaço no mercado há muito tempo, mas, agora, as empresas estão mais conscientes da importância de oferecer oportunidades para elas. Afinal, dessa forma criamos um time diverso, com diferentes ideias, visões e modos de pensar.
“Se eu tenho um grupo homogêneo — só homens, ou só mulheres, por exemplo —, com pessoas que pensam de uma determinada forma, o problema vai ser endereçado de um determinado jeito, talvez sempre do mesmo jeito. A gente acaba não explorando outras possibilidades.” — Yara Silva
Ou seja, aumentar a representatividade feminina na tecnologia não só garante para as profissionais a oportunidade de estar nesse mercado, mas também impacta positivamente os resultados da empresa. Ampliamos o campo de visão, incentivamos a criatividade do time e descobrimos formas diferentes de lidar com a mesma situação. Promovemos inovação nos negócios.
Confira o cenário de barreiras em relação às mulheres no mercado de tecnologia
Sabemos que as mulheres têm tanto potencial quanto os homens para atuar no setor tecnológico. As especializações também estão disponíveis para elas, mas, mesmo assim, ainda existem barreiras que atrapalham a representatividade feminina na tecnologia.
Sobre isso, Yara fala de um dos fatores que atrapalham essa representatividade: “enfrentamos um problema de as mulheres nem cogitarem essas carreiras por acharem que não é para elas. Quantas mulheres, hoje, fazem um vestibular para um curso de engenharia, por exemplo? O número ainda é muito pequeno”. Para ela, a barreira começa logo na formação, inclusive devido a questões culturais.
“As mulheres ainda são pouco expostas às áreas de exatas — isso começa desde pequenininhas, quando os incentivos são bem distintos: carrinhos para os meninos e bonecas para as meninas. Naturalmente, chegam menos mulheres às fases de graduação e curso técnico. É como se elas tivessem menos interesse, mas não por opção e sim por uma questão de estímulo cultural.” — Yara Silva
No entanto, não é só isso. O salário que elas recebem também é menor em relação aquele oferecido para os homens. A remuneração média nas áreas de tecnologia e gestão para elas é cerca de 19% mais baixa.
Esse é um fato injustificado porque, conforme Yara reflete, as mulheres têm condições de serem brilhantes no trabalho que realizam em tecnologia. Essas profissionais serão avaliadas tecnicamente no processo de seleção, logo, serão contratadas pelo seu potencial e serão avaliadas pelo que produzirem no dia a dia. Então, receber um salário menor é um desestímulo para que sigam carreira no setor.
Saiba como sua empresa pode reforçar a presença feminina no segmento tecnológico
“Vejo que um desafio grande é conseguirmos ter mais mulheres chegando às posições de base e, assim, consequentemente, ter mais de nós circulando em todos os níveis — desenvolvimento, coordenação, gestão, diretoria”, afirma a gerente da Catho.
Por essa observação, podemos perceber que para aumentar a representatividade das mulheres e favorecer a liderança feminina, é preciso realizar processos de recrutamento que alcancem também essas profissionais. Logo, o setor de RH tem um papel determinante para ampliar o debate e promover a mudança.
Como a predominância masculina na área de desenvolvimento de tecnologia está relacionada com a história e a cultura, quando são abertos processos seletivos para novas vagas, em função do volume de candidatos, muitos homens acabam participando. Geralmente, são eles os indicados para os cargos.
A gerente da Catho ressalta a importância de fomentar a discussão e de promover a diversidade no ambiente corporativo, estimulando a liderança a pensar sobre isso. Para ela, é necessário desconstruir pré-concepções e vieses que ainda imperam nas organizações de uma forma geral.
Porém, aumentar a representatividade feminina na tecnologia também é papel das mulheres que estão envolvidas com os processos de seleção. É válido convidar as profissionais para participarem dos processos seletivos, além de criar vagas com descrições que não sejam tendenciosas, atraindo apenas homens.
É importante, também, que as mulheres que já atuam no segmento tecnológico incentivem outras a se especializarem na área para mudar o futuro do trabalho. A empresa pode facilitar esse processo de especialização oferecendo oportunidades de desenvolvimento para elas.
Para aumentar a representatividade feminina na tecnologia, é preciso começar a mudar a cultura, incentivar as meninas a conhecer esse universo e buscar formação. Além disso, as empresas devem abrir espaço às mulheres visando a diversidade e combatendo preconceitos, oferecendo oportunidades e direitos iguais a ambos os gêneros.
Ajude a aumentar a presença feminina no segmento tecnológico. Compartilhe este post em suas redes sociais para incentivar outras mulheres!
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