A luta pela igualdade de gênero é um assunto antigo, que teve início no meio corporativo no fim do século XIX. Mais de 150 anos depois, o tema liderança feminina toma conta das organizações, ganhando destaque no Brasil e no mundo.
Apesar de as companhias reconhecerem que as mulheres possuem habilidades que as destacam, chegar aos cargos mais altos da empresa ainda é um grande dilema, principalmente por questões relacionadas à maternidade e à paridade salarial.
Neste artigo especial sobre o assunto, queremos te convidar para o debate e te mostrar quais são os principais desafios e oportunidades para as empresas quando o assunto é liderança feminina.
Panorama da liderança feminina no Brasil e no mundo
De acordo com a pesquisa Panorama da Mulher 2019, realizada pelo Grupo Talenses, empresa especialista em recrutamento e seleção, em parceria com o Insper, publicada na revista Época Negócios, chegar à presidência de uma empresa não tem sido fácil para as mulheres. Isso porque nas companhias ainda existem diversas barreiras de gênero.
O estudo foi realizado em mais de 500 organizações de diversos segmentos de mercados, com sedes no Brasil, Europa e América do Norte. A pesquisa evidenciou que 23% das companhias têm mulheres em cargos de vice-presidência, 26% estão atuantes na diretoria e 16% nos conselhos administrativos.
Entretanto, apenas 13% das organizações pesquisadas apresentam mulheres como presidentes, representando um declínio de dois pontos percentuais em comparação com o ano anterior.
A pesquisa conclui que o grande desafio para o alcance de igualdade de gênero está no cargo de presidência:
“A probabilidade de uma mulher ser presidente é 50% menor do que liderar como diretora e 60% menor do que ocupar o cargo de vice-presidente.” — Panorama Mulher 2019
No Brasil, de modo especial, conforme revelou estudo da Grant Thornton IBR, somente 19% dos cargos de liderança em companhias brasileiras eram ocupados por mulheres em 2015.
No mundo, essa taxa ficou em torno de 24%. Mas na comparação de mulheres que ocupam cargos de CEO, este número é reduzido para apenas 11%.
A importância da liderança feminina para as empresas
Continuamos com mais números, agora para refletir a importância de mudar cada vez mais o jogo. Vamos lá?
De acordo com estudo conduzido pela consultoria McKinsey, organizações que apostam na diversidade de gênero têm resultados financeiros 15% superiores em relação à média de seus concorrentes diretos. Mas, quando além da diversidade de gênero, a empresa também empenha esforços para incluir raça e etnia, esse percentual pode subir para 35%.
O estudo também evidencia que, se todos os países atingirem a igualdade entre os gêneros, a conquista no PIB anual atingiria a casa dos 28 trilhões de dólares até 2025. Além disso, lideranças femininas colaboram para uma maior diversidade nas organizações, gerando mais inovação e produtividade.
Isso porque elas são altamente voltadas para a resolução de problemas, capazes de levar para as organizações diferentes pontos de vista, colaborando para um clima organizacional mais positivo, o que favorece os resultados das equipes.
Organizações com esse tipo de cultura também tendem a priorizar ambientes laborais onde a inclusão se faz presente, o que eleva o potencial das pessoas e melhora a qualidade das entregas. Com isso, a diversidade é capaz de elevar a criatividade, enriquecendo as perspectivas da organização e gerando mais valor para a marca.
Desafios das mulheres para conquistar cargos de liderança
Os desafios das mulheres para conquistar as posições mais altas dentro das companhias vão desde a dupla jornada, ao ter de conciliar a rotina da casa e dos filhos com as responsabilidades corporativas, até os salários mais baixos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres ainda ganham 75% menos que os homens para exercerem as mesmas funções, inclusive nos cargos de liderança. Esse fato acaba por desmotivar as mulheres, o que também favorece uma cultura organizacional que prega a desvantagem do trabalho feminino sobre o masculino.
Outro fator que não pode ser ignorado é a falta de engajamento das companhias com a questão da igualdade de gênero, ao ignorarem políticas que favorecem o alcance de igualdade para homens e mulheres dentro das companhias.
Como desenvolver um programa de incentivo à diversidade de gênero nas empresas
As empresas precisam assumir que também são responsáveis pela igualdade de gênero, contando para isso com um eficiente setor de gestão de pessoas. É fundamental desenvolver ações que possibilitem às mulheres a vivência da maternidade de uma maneira saudável, em especial no primeiro ano de desenvolvimento da criança. Isso deve acontecer de maneira que as profissionais tanto não precisem abandonar a carreira quanto não se sintam desvalorizadas e sobrecarregadas.
As empresas podem colaborar com estrutura de trabalho remoto ou híbrido, horários mais flexíveis, políticas de contratação de gestantes e outras iniciativas que proporcionem uma rotina mais igualitária entre homens e mulheres.
Nesse cenário, o comprometimento do poder público também é necessário e pode ser feito por meio da criação de campanhas de recomendação e de conscientização para a importância da igualdade de gênero nas empresas.
Exemplo para reflexão da nossa realidade
Países como o Canadá estão à frente do debate e fornecem um grande exemplo quando a questão é liderança feminina. Desde 2006, o governo do país criou uma política de incentivo às empresas que fomentassem a igualdade de gênero. Em 2011, já era possível ver os resultados dessa iniciativa, com diversos cargos de conselheiras nas companhias do país sendo ocupados por mulheres.
As ações tiveram o exemplo do próprio governo. Em 2015, o primeiro-ministro Justin Trudeau, ao assumir sua função, formou a base de governo com metade de homens e metade de mulheres, divididos em 50/50. Indagado acerca do motivo da composição, deu uma resposta histórica: “Porque estamos em 2015”, servindo de exemplo para todos os cidadãos do Canadá e do mundo”.
Como vimos aqui, a liderança feminina ainda passa por muitos desafios nas organizações. E precisamos, cada vez mais, como sociedade, entender que é um ponto extremamente benéfico e eficiente para as companhias. Empresas devem somar esforços para adequar rotinas e procedimentos, abrindo espaços reais para que as mulheres tenham condições de progredir profissionalmente e alcançar altos cargos.
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