Setembro Amarelo é a campanha nacional de conscientização e prevenção ao suicídio. Para o setor de RH, é um dos períodos mais importantes do ano para desenvolver ações que promovam o equilíbrio emocional da equipe, já que o trabalho afeta diretamente o estado psicológico dos colaboradores e pode contribuir para o desenvolvimento de transtornos mentais. Ansiedade e depressão são dois exemplos.
Considerando os efeitos que a pandemia de Covid-19 desencadeou nas relações de trabalho, falar sobre o tema significa abordar questões profundas, que estimulem a reflexão das pessoas acerca de qualidade de vida e bem-estar. Visto que uma grande parcela do nosso tempo é despendida com as atividades laborais, líderes e gestores têm uma importante missão dentro do ambiente corporativo.
Por isso, continue por aqui, entenda o que é o Setembro Amarelo, como surgiu a campanha, e veja sugestões para promover o diálogo e a saúde mental na empresa. Boa leitura!
O que é o Setembro Amarelo?
O Setembro Amarelo é a campanha idealizada em uma parceria da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) com o Centro de Valorização da Vida (CVV) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) que desenvolve ações conjuntas para prevenir e conscientizar a população a respeito do suicídio. Assim como os meses Outubro Rosa e Novembro Azul, o Setembro Amarelo chama a atenção de diversas esferas da sociedade para desmitificar tabus que envolvem a saúde mental.
De acordo com a ABP, cerca de 10 mil suicídios são registrados no Brasil todos os anos e, no mundo, os casos se aproximam de um milhão. Quanto às tentativas, a estimativa é de que os números sejam de 10 a 20 vezes maiores do que as ocorrências.
Esses dados demonstram a importância e a urgência de desenvolver ações conjuntas de empresas, profissionais e órgãos de saúde que abordem a questão, informando e educando a população a respeito dos transtornos mentais.
Quando setembro começou a ser relacionado com a saúde mental?
Foi em 2003 que a Organização Mundial de Saúde (OMS) escolheu o dia 10 de setembro como a data para chamar a atenção das pessoas sobre o tema, a partir de uma iniciativa da International Association for Suicide Prevention (IASP). Aqui no Brasil, a campanha foi criada em 2014, na parceria entre ABP, CVV e CFM, como mencionamos.
As entidades observaram a necessidade de estabelecer estratégias eficazes de prevenção ao suicídio, aumentando a informação e fomentando a conscientização da população sem tabus ou preconceitos. Afinal, o número de ocorrências nacionais e mundiais mostra que o suicídio é um grave problema de saúde pública.
Segundo o Ministério da Saúde, um dos dados que a campanha revelou é que, nos últimos anos, aproximadamente 96,8% dos casos de suicídio registrados tinham relação com transtornos mentais, como depressão, ansiedade, esquizofrenia e uso de substâncias psicoativas.
Dessa forma, é essencial entender que existem diversos fatores que influenciam uma pessoa a tomar a decisão de tirar a própria vida. Diferentemente do que a maioria das pessoas pensa, o suicida não está desistindo de lutar, nem buscando a morte, mas sim fugindo da vida em que não tem perspectivas de um bom futuro. Ou seja, é a forma que ele encontra para se livrar da dor e dos problemas para os quais não vê solução.
Nesse ponto, é importante destacar o surgimento de suicídios e tentativas de suicídio no próprio local de trabalho nos últimos anos. Para os especialistas, essa é uma forte mensagem de que as relações de trabalho estão afetando a saúde mental das pessoas.
Quais são os impactos da saúde mental no trabalho?
Frente a essas questões, é essencial que o RH entenda os efeitos que a saúde mental exerce nas atividades diárias dos colaboradores. Se os funcionários não estão emocionalmente equilibrados, transtornos mentais comuns (como insônia, cansaço, falta de concentração e irritabilidade) comprometem a produtividade individual, o que reflete em maus resultados para a empresa como um todo.
A depressão já é a doença mais incapacitante do mundo, afastando as pessoas do trabalho, e é a primeira causa de morte dos casos de suicídio. Contudo, também é importante compreender os outros diversos fatores que levam alguém a cometer o ato, como medo, insegurança, fracasso, bullying, cobranças da sociedade e dificuldades financeiras.
A sobrecarga de trabalho também é uma questão que merece atenção, já que os casos de Síndrome de Burnout são crescentes a cada ano. Ainda, é crucial levar em consideração o contexto de pandemia, que traz à tona emoções de desesperança e desânimo.
Assim, RH e coronavírus são assuntos que devem andar juntos neste momento, especialmente para apoiar os colaboradores diante das dificuldades e manter o engajamento mesmo no trabalho remoto.
Como estabelecer ações na empresa para colaboradores com transtornos?
Para manter a motivação dos colaboradores, os gestores precisam estabelecer estratégias efetivas durante a campanha do Setembro Amarelo, mas também ao longo do ano todo, já que os transtornos mentais são silenciosos e, no geral, não surgem da noite para o dia.
Anote aí as nossas dicas de ações do RH que contribuem para a saúde mental no ambiente corporativo.
Organize palestras
No geral, ninguém gosta de conversar sobre o suicídio. Culturalmente, é um assunto tabu e, não raramente, as pessoas preferem nem falar a palavra. Em alguns momentos, amigos, colegas e familiares se sentem receosos, com medo de não conseguir ajudar quem está sofrendo.
No entanto, o diálogo é essencial: de acordo com a OMS, 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados se a pessoa tivesse tido alguém para conversar.
Por isso, a psicoeducação dentro da empresa se torna uma estratégia muito necessária. Para que os colaboradores compreendam a íntima relação entre saúde mental, trabalho e suicídio, é interessante que os líderes organizem palestras informativas e de conscientização.
Nessa questão, contar com a ajuda especializada de profissionais da saúde e segurança no trabalho pode ser o diferencial para superar o momento.
Estimule o mindfulness
O mindfulness é um tipo de meditação que desenvolve a atenção plena. Com técnicas de respiração para focar o momento presente, a ansiedade e o estresse se dissipam, e as pessoas conseguem manejar melhor as suas emoções.
Durante o Setembro Amarelo, promova sessões em conjunto, converse com a equipe a respeito dessa prática e incentive que seja adotada como um hábito. É possível fazer encontros virtuais para guiar as sessões meditativas. Poucos minutos por dia já proporcionam melhoras no bem-estar.
Promova atividades em conjunto
Um dos fatores de proteção ao suicídio listados pela OMS é ter uma vida social satisfatória, com integração do trabalho e de momentos de lazer, por exemplo. O RH pode criar dinâmicas em um espaço reservado para o descanso e o bem-estar, que atendam os diferentes perfis de colaboradores, como sessões de dança, ginástica laboral, caminhadas ou gincanas.
Em contexto de pandemia, algumas atividades presenciais ficam comprometidas, é claro. Porém, é importante ter criatividade para desenvolver ações de relaxamento, integração e diversão de modo virtual.
Como você notou, o Setembro Amarelo vai além de um alerta para a questão do suicídio. É uma campanha de conscientização, que visa ampliar a empatia das pessoas perante as dificuldades de cada um e a compreensão a respeito da importância da saúde mental. Pequenas ações promovidas pelo RH ao longo do ano podem fazer toda a diferença.
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Gostei muito das dicas, algumas já colocamos em prática na empresa, vamos aprimorar
Muito legal, Maria!
Obrigada pelo comentário. 🙂