Autor: Marcelo Ulisses
A moda da liderança servidora entra em algumas instituições como uma grande esperança para aqueles que tem maturidade para o trabalho. Aqueles com consciência critica e moral bem estabelecida e latente, que não precisam ter alguém olhando para catar o papel jogado no chão. Ela vem como a esperança para aqueles profissionais da liderança intermediária, que conseguem levar suas equipes a lugares mais distantes, superando metas, excedendo as expectativas e ainda fazendo amigos.
A chegada de um estilo diferente de liderança gera medo como em toda mudança, mas também traz aqueles dispostos a mudar para perto. Observa-se um movimento de “chefes” antes arrogantes e prepotentes, transformando-se em pessoas humildes de uma semana para outra. “O pior doente é aquele que considera saúde a sua enfermidade”. Ouvi esta frase de um amigo e companheiro de palestras para públicos de empresas nacionais e multinacionais. E é uma verdade. Se o primeiro passo para a cura é reconhecer que está doente, imagine a qual distancia está do inicio aquele que acha que a doença é sua principal virtude!
Hoje eu venho falar para você, colega, chefe que deseja transformar-se em líder, pois acredito na recuperação do homem.
Não venho abordar este tema como alguém que está pronto, mas como um eterno aluno na missão de ajudar as pessoas e também como alguém que tem na memória os tristes momentos de ter que voltar atrás e pedir desculpas por ter massacrado alguém.
Despir-se da vaidade
O homem é extremamente vaidoso. Todos nós somos vaidosos. Estamos preocupados com o nosso “eu” social a todo momento, preocupados com a forma como as pessoas estão nos observando, com uma extrema vontade de ser aceito. O home é um ser social e isto é a pura verdade. Temos a necessidade de ser aceitos pelo grupo e fazemos um esforço para que isto aconteça. O primeiro passo é a reflexão sobre nossos pontos fracos, sobre nossas vulnerabilidades, sobre nossa verruga no rosto, sobre a barriguinha indesejada, ou qualquer outra característica que tentamos esconder de nossos subordinados.
Despir-se da vaidade é manter a identidade
Jose Ortega Y Gasset, pai da teoria do comportamento de massa, afirma que: “no momento em que o homem adota o comportamento de massa, perde a própria identidade”. Seja quem você é! Não force barra para ser como os demais. Sua autoridade não precisa ser imposta por palavras, mas por atitudes e para que estas atitudes sejam reconhecidas pelos demais há necessidade de uma base virgem, como um papel branco. Esta base virgem é “quem você é de verdade”.
Palavras convencem e exemplos arrastam
As palavras podem convencer as pessoas, mas os exemplos arrastam multidões. Exercite a humildade fazendo o que é certo incondicionalmente. Faze o bem incondicionalmente. A cada decisão coloque na balança: O que farei ajudará alguém? Prejudicará alguém? Dará valor à alguém? Caso vá ajudar e não prejudicar, valorizar, aplicar justiça sem humilhar então vá em frente. Lembre-se que o sofrimento é necessário para o crescimento. Então faça o esforço e sofra para aperfeiçoar-se. Um líder deve ser exigente e para dar exemplo esta exigência é um atributo de liderança que volta-se para si. Um líder é exigente consigo mesmo.
Seja o melhor!
“Somos aquilo que repetidamente fazemos. A excelência, portanto não é um feito, mas um hábito!” Esta frase deve ser sua oração neste exercício de ser o melhor. Esforce-se para ser o melhor em tudo aquilo que faz. Dê o seu máximo para ser o melhor no trabalho, para ser o melhor em casa, para ser o melhor no transito, para ser o melhor no ônibus e acredite… este é um exercício de humildade. Seja o melhor para os outros! Releia o texto acima sob esta ótica. No transito seja o melhor para os outros. No trabalho seja o melhor para os outros. Em casa seja o melhor para os outros.
Simplicidade
Qual é a receita de ganhar um premo internacional de propaganda e marketing? Qual a receita para sair admirado de uma reunião de negócios? Qual a receita para convencer as pessoas sobre o caminho a ser tomado? A resposta é simples! “Faça um arroz com feijão bem temperado” Não faça carne assada ou lasanha, ou churrasco. Faça o simples muito bem feito! Não há segredo. Sentimos a vontade de nos destacar dos demais em momentos de teste! Nossa vaidade nos domina e nosso eu social quer destacar-se dos demais e se deixarmos que isto nos domine, logo não nos reconheceremos mais, pois teremos perdido nossa identidade., Seremos mais um executivo estressado e impessoal, centralizador e isolado dos demais como tantos outros. Faça com simplicidade, pois simplicidade e humildade são diretamente proporcionais.
A virtude é a preliminar da sabedoria
Se você quer buscar transformar-se de verdade, desenvolva virtudes. Desenvolvemos virtude quando abdicamos a algo prazeroso por uma obrigação. Diariamente digo aos meus colegas de trabalho, para os quais sou apenas um orientador, que preferia estar em uma casa de praia com meus filhos do que no trabalho, e isto é a pura verdade. Ao invés disto eu estou abdicando ao prazer de dormir até mais tarde, ao prazer de descansar para trabalhar. Quando abdicamos nos tornamos mais forte e começamos a desenvolver virtude. Quando abdicamos ao delicioso bife com a capinha de gordura pela salada, estamos desenvolvendo virtude.
O exercício da virtude nos leva à sabedoria. Sabedoria não é questão de inteligência ou intelectualidade, mas uma questão de vivencia. Quando exercitamos abdicar ao prazer (prazer este que geralmente é nocivo) pela obrigação, a repetição por longos períodos nos faz realizar a tarefa sem sacrifício. Este é o exercício que nos faz ser exemplos sem fingimentos e ser humildes sem vaidades.
A raiz da liderança servidora está no aperfeiçoamento de atributos morais, que serão aplicados ao grupo de trabalho. Representa desenvolver-se pelo bem maior, formar lideres pela perpetuação do grupo e deixar a empresa com a satisfação de ter deixado amigos e não empregados.
Pense nisto!