Vivemos um momento em que é fundamental repensar muitas das nossas atitudes, não é mesmo? Em muitos casos, ações que nem mesmo entendemos a razão podem ser ruins para outras pessoas. No ambiente de trabalho, ter esses cuidados é ainda mais importante. Para o setor de Recursos Humanos, conhecer e eliminar os vieses inconscientes é um exercício fundamental.
Afinal, muitos talentos podem ser perdidos por conta de preconceitos que, muitas vezes, são inconscientes. Compreender esses vieses cognitivos pode abrir um leque de oportunidades para que qualquer empresa aproveite melhor a contratação dos seus profissionais interna e externamente. Além disso, eliminar as tendências é uma forma de contribuir para a criação de um ambiente positivo para toda a organização.
Mas o que são vieses inconscientes e como eles impactam não apenas o processo de recrutamento e seleção, mas também ajudam a construir um ambiente de trabalho com diversidade nas empresas? É sobre isso que vamos falar neste artigo.
O que são vieses inconscientes?
Por mais que a razão faça parte do nosso processamento de informações, há tendências — atalhos mentais — que fazem com que certas decisões sofram desvios. É o que chamamos de vieses inconscientes, que também são conhecidos como cognitivos. São definições com base em fatores que levam a processos decisivos mais irracionais e que nem sempre consideram a lógica.
O conceito surgiu a partir de estudos de psicologia sobre o comportamento humano. Não existe uma definição concreta de quem inventou o termo ou, até mesmo, quais são os vieses existentes. Diferentes linhas de pesquisa acabam criando muitos vieses, mas, às vezes, sem um detalhamento maior em relação às suas principais causas. Além disso, os motivos para que eles sejam ativados são os mais diferentes possíveis.
Ainda, eles são resultantes de estímulos que mudam de pessoa para pessoa. Afinal, as crenças de cada indivíduo, por exemplo, têm um impacto enorme em um viés cognitivo — logo, as situações em que eles acontecem podem não ser nem mesmo similares.
Quais são os principais tipos de vieses inconscientes?
Agora, na prática, quais são os tipos de vieses inconscientes que mais conseguimos identificar, as características que apresentam e os modos como podem influenciar no RH e na experiência do candidato de um processo seletivo? Listamos alguns dos principais abaixo.
Viés da ancoragem
Também conhecido como focalismo, o viés da ancoragem acontece quando uma informação inicial é transmitida e a pessoa a utiliza como base para tomar as outras decisões. Ou seja, esse dado se torna uma âncora e começa a interferir nas avaliações subsequentes. Uma entrevista positiva com um candidato vai tornar o restante da jornada positivo para o entrevistador, por exemplo.
Viés do efeito halo
O efeito halo é, na verdade, algo muito comum em nossas rotinas. Trata-se da generalização das características de um indivíduo a partir da descoberta de uma qualidade positiva ou negativa. A partir da primeira informação, o restante da análise é feito de forma enviesada.
Ao descobrir que alguém é médico, por exemplo, logo imaginamos uma pessoa muito inteligente, centrada e analítica, mas isso não é, necessariamente, uma verdade. Ou seja, o viés faz com que a nossa análise mais completa seja influenciada por uma informação inicial, o que pode atrapalhar na escolha do melhor candidato para uma vaga específica.
Viés da sobrevivência
O viés da sobrevivência representa a prática muito comum de supervalorizar os acertos de quem teve sucesso e não avaliar aquelas pessoas que tiveram resultados piores. Comum no empreendedorismo, é uma análise superficial sobre determinado tema, justamente por olhar apenas para uma parte.
Viés de confirmação
Quem é que não gosta de estar certo? Nada melhor que encontrar informações e dados que corroborem o seu pensamento, não é mesmo? Isso acontece quando o viés de confirmação se manifesta. Na prática, representa a tendência de buscar referências que confirmem a ideia inicial.
Assim, o indivíduo passa a procurar detalhes que estejam de acordo com o que ele imagina. E a realidade pode ser distorcida por ele por conta desse viés.
Ao encontrar o dado adequado para a sua crença, o sujeito passa a ignorar o resto que mostra o contrário. Se o profissional de RH simpatiza com determinado candidato, esse viés pode fazer com que direcione a própria decisão para favorecê-lo, por exemplo.
Viés da ambiguidade
Quantas vezes você não deixou de seguir por um determinado caminho porque não tinha tantas informações prévias sobre aquela opção? Mesmo com um preço mais atrativo, por exemplo, você escolheu determinado serviço por já conhecê-lo e saber exatamente o que esperar. O viés da ambiguidade, portanto, acontece quando você não tem informações ou experiências prévias sobre um produto ou serviço e, por causa disso, escolhe uma opção mais conhecida.
Levando o exemplo para o setor de Recursos Humanos, seria como escolher um candidato que o recrutador já conhece por falta de informações mais detalhadas de outros currículos.
Viés do ator-observador
Por último, o viés do ator-observador destaca a diferença de comportamento do indivíduo na situação em que ele é o ator e há terceiros que compartilham com ele as mesmas experiências. Nesse caso, o sujeito vê os próprios comportamentos como causas de algo externo e os das demais pessoas como questões internas. Isto é, quando outra pessoa toma uma decisão, o nível de rigor é muito mais alto do que quando nós mesmos a escolhemos.
Como eliminar os impactos dos vieses inconscientes no recrutamento e seleção?
Os vieses inconscientes são padrões de pensamento baseados em estereótipos incorporados no dia a dia, certo? Para uma equipe de Recursos Humanos que lida com processos de recrutamento e seleção, isso pode se tornar uma dor de cabeça. Afinal, um viés pode influenciar no erro ao longo do processo, por isso, é fundamental entender como eliminá-los.
Para evitar que esse tipo de informação atrapalhe os processos de recrutamento e seleção, é essencial que os profissionais de RH estejam preparados para fazer uma leitura cuidadosa e baseada nos fatos apresentados pelos candidatos. Para tanto, faz parte do trabalho entender o que são esses vieses e não deixar com que eles interfiram.
Não se levar apenas por uma entrevista positiva é um exemplo, assim como não deixar que um currículo cheio de experiências positivas seja o único fator a ser considerado na hora de escolher entre um ou outro candidato. A inteligência emocional se torna um componente importante, garantindo o controle na hora de selecionar os currículos sem deixar que emoções atrapalhem o processo.
Os vieses inconscientes fazem parte da vida de qualquer pessoa, mas devem ser compreendidos e eliminados, especialmente por profissionais que vão decidir sobre o futuro de quem entra e quem sai de uma empresa. Por isso, o primeiro passo é trabalhar em cima deles e evitar que se tornem um empecilho para a melhor tomada de decisão.
Agora que você já sabe o que são os vieses inconscientes, o que acha de contar com suporte especializado para não deixar que eles se tornem problemas para os processos de recrutamento e seleção da sua empresa? Entre em contato com a gente e descubra como podemos ajudar!