Enxergar o departamento de Recursos Humanos da empresa como área estratégica para alcançar melhores resultados não é uma tendência nova, mas mesmo assim ainda existem empresas que dão pouca ou quase nenhuma importância à área e ao potencial humano da organização.
Tal postura pode ser desastrosa para o negócio, contribuindo negativa e diretamente no desempenho da empresa. Por outro lado, quem pensa estrategicamente na gestão das pessoas e proporciona uma conexão eficaz entre elas e os resultados, certamente ganha em lucratividade.
A área pode fazer a diferença quando tem como prioridade o desenvolvimento dos colaboradores, adotando formas de trabalho que os mantenham motivados, produtivos e gerando resultados. Para isso, o RH estratégico deve estar na lista de prioridades dos líderes e gestores e ter suas boas práticas constantemente acompanhadas e reconhecidas por todos.
Confira a entrevista com Murilo Cavellucci, diretor da área de Gente e Gestão da Catho, e saiba mais sobre a importância de um RH estratégico nas organizações.
Carreira & Sucesso – O que é um RH estratégico? De que modo este conceito pode interferir positivamente nos resultados da empresa?
Murilo Cavellucci – Um RH estratégico consegue falar a língua do negócio. Isso significa conectar as iniciativas de RH com foco em pessoas com os desafios de curto, médio e longo prazos da empresa e conseguir medir e apresentar os resultados dessas iniciativas e como contribuíram para o desempenho do negócio.
C&S – O que as empresas precisam fazer para colocá-lo em prática?
MC – É fundamental instituir na organização a disciplina de estabelecer os resultados esperados e medir resultados obtidos para todas as ações, inclusive as de RH, garantindo que o processo decisório priorize continuamente as ações e as iniciativas de maior retorno, sempre conciliando curto e longo prazos. Cabe ao profissional de RH identificar as etapas do processo de negócio que podem ser positivamente afetadas por ações focadas em pessoas, além de garantir que todos os dilemas de estrutura, disponibilidade de conhecimento e competências sejam equacionadas a fim de garantir a longevidade da performance da empresa.
C&S – E quais os desafios na construção de um RH alinhado ao negócio da empresa?
MC – Possivelmente um dos maiores desafios está em capacitar os profissionais de RH nos conceitos e ferramentas de gestão de negócios. Os temas e conceitos mais tradicionalmente debatidos nas comunidades de RH são aqueles relacionados ao comportamento, desenvolvimento, preferências e aprendizagem do ser humano nas organizações. É muito importante incluir as discussões de negócio (comportamento de mercado, eficiência, gestão financeira, marketing etc.) na agenda do RH.
C&S – Como as empresas brasileiras enxergam essa tendência? E os profissionais?
MC – A demanda das empresas por profissionais capazes de posicionar o RH como área estratégica tem gerado um movimento de busca por executivos com competências de gestão de negócio até mesmo em áreas fora do RH. Com isso temos visto muitos profissionais com trajetórias de carreira dentro de áreas de negócio movimentando-se para posições na área de RH, visando contribuir com a missão de torná-lo mais estratégico. Acredito que essa diversidade de perfis e conhecimentos enriquece o RH e aumenta o potencial de contribuição da área.
C&S – Quais as principais ações na gestão de pessoas podem melhorar o desempenho dos profissionais e, consequentemente, da organização?
MC – Na maioria das organizações é possível ganhar muita eficiência através da remoção das barreiras encontradas nos processos internos. Muitas dessas barreiras estão relacionadas à comunicação e à disseminação do conhecimento. Ao assegurar que o processo de comunicação na empresa seja fluido, fazendo com que gestores comuniquem com transparência os objetivos de curto e longo prazos e se certificando de que cada membro na equipe tenha clareza de seu papel na empresa, o RH não só garante um ambiente muito mais produtivo como também define as bases de confiança para que a troca de conhecimentos e experiências aconteça.