Quando você começou a investir num negócio próprio, provavelmente não previu que uma hora ele teria fim. Ninguém casa já pensando em separar, não é?
Em tempos de crise, fechar seu negócio é algo delicado a se cogitar, afinal, fazer o que sem ser um empreendedor? Voltar a procurar um emprego muitas vezes é desanimador para quem passou parte de sua vida à frente de um empreendimento. Empreender novamente, começando do zero, talvez, seja ainda mais assustador.
Para Fábio Yamamoto, especialista em auditoria e controladoria, sócio da Tiex, empresa de consultoria e gestão corporativa financeira, “Existem alguns indícios de que as coisas não vão bem e que qualquer ação que seja feita, não surtirá efeitos suficientes para virar o jogo.” O especialista listou 3 sinais de que está na hora de avaliar a continuidade do negócio. Confira!
1. Lucro ou geração de caixa muito baixo ou negativo
A empresa gera lucro ou caixa? Olhe para o último, a empresa está gerando caixa regularmente? Ou seja, sobra dinheiro? Se a resposta for não e seu negócio não for filantropia, talvez seja hora de rever se vale a pena dar continuidade ao negócio. Mesmo que a empresa gere resultado, ele é suficiente para remunerar todos os sócios de forma razoável? É preciso estabelecer uma taxa de retorno para seu negócio, existem indicadores relativamente padronizados para determinados segmentos de negócio, contudo vale o exercício individual para estabelecer qual o retorno esperado daquela empresa. Você é o único sócio? Uma conta simples seria se colocar na situação de um empregado, o que a empresa está te pagando é suficiente para você querer continuar nesta empresa?
2. Dívidas
Quão endividada está sua empresa? Não há uma regra fixa para medir o tamanho da dívida, mas se a empresa não gerar caixa suficiente para pagar seu endividamento é um sinal claro de que o negócio não vai bem. Por exemplo, se a empresa gera 10 de caixa e gasta 12 para saldar endividamento, a falta de caixa irá impossibilitar sua capacidade de investimento, ou seja, não será possível investir em novas máquinas, em pessoas, em inovação e a tendência é de que o endividamento só aumente. É importante ressaltar que dívidas da empresa devem ser pagas pela empresa. Se a dívida se torna tão grande que a empresa não consegue arcar, ou que sobra após o pagamento da dívida é tão pouco, é hora de avaliar se o momento é de abandonar o barco de vez e partir para outro negócio.
3. Insatisfação pessoal
Aqui entra o viés não financeiro deste tripé. Pode ser o momento de fechar a empresa ou como se diz “passar o negócio adiante”, quando a insatisfação pessoal com o negócio por parte dos proprietários começa a interferir na empresa. Seja a insatisfação de ordem financeira, seja de dedicação de tempo, seja dos rumos que a empresa tomou. Aos poucos esse comportamento vai minando o negócio, a insatisfação acaba levando a falta de interesse ou empenho no dia a dia, o que certamente irá ocasionar a morte lenta do seu negócio. Avalie o que você pretendia quando iniciou o negócio, mais tempo, mais dinheiro, realização pessoal. Se o que te levou a abrir o negócio não está sendo atendido, é natural que a insatisfação tome conta.
Lembrando que as condições não são cumulativas, qualquer dos fatores isoladamente é importante o suficiente para colocar em risco o futuro da empresa e, portanto, devem ser observados com bastante atenção.
Adicionalmente, quanto de seu patrimônio pessoal está em risco nesse negócio? Dívidas pessoais foram contratadas para tentar manter o negócio de pé? Com toda certeza existem diversos outros fatores a serem levados em consideração antes de fechar uma empresa, mas se você não vê perspectivas de melhorar a rentabilidade da sua empresa, se o endividamento já está prejudicando a atividade normal de sua empresa e você começa a ser afetado diretamente com seu patrimônio pessoal sendo colocado em risco, existem bons argumentos para pensar em atualizar seu currículo ou pensar em um novo negócio. E isto não deve ser visto como algo a se envergonhar.
Caso a decisão seja por realmente fechar a empresa ou vendê-la, deve-se levar todo esse aprendizado para um eventual novo empreendimento ou até mesmo emprego, pois é importante extrair aprendizados dessa situação, aumentando as chances de sucesso na próxima tentativa.