Trabalhar em casa, em seu conforto, o torna administrador do seu próprio tempo. Exercer a profissão no lar é opção de muitos trabalhadores das mais variadas áreas e todos concordam em um ponto: a qualidade de vida aumenta e os custos como alimentação, transporte e vestuário diminuem.
Não são apenas os profissionais liberais que preferem trabalhar em casa, muitas empresas vêm adotando esse formato, já que também reduzem suas despesas, mantêm o colaborador muito mais motivado e, por conseqüência, obtêm um aumento significativo na produtividade.
No entanto, as companhias devem preparar esse profissional para tal experiência e explicar, claramente, o que se espera dele, como prazos e objetivos. São as chamadas metas por produtividade. “Faço uma distribuição de tarefas que precisam ser realizadas e no decorrer do mês, distribuo quais os dias que posso trabalhar em casa – onde não precisam da minha presença na empresa – e de casa consigo fazer toda a rotina: entrar em contato com clientes e com algumas unidades de negócio, e aprimorar o meu tempo, em casa, para desenvolver essas atividades”, explica Washington Ribeiro, supervisor de gestão de pessoas da Camp Jato Limpeza Técnica Industrial. Segundo Washington, ele consegue, em média, ficar dois dias da semana em casa e três na empresa.
Quem trabalha no sistema home office dificilmente retorna à uma rotina de ambiente corporativo. Janete Evangelista, empresária, docente e consultora da Gestão Vanbarcin afirma que optou por trabalhar em casa há quatro anos e não pensa em voltar para uma organização: “me sinto muito bem porque faço meu horário e nada interfere no andamento do meu trabalho”. Janete é há 15 anos professora e sempre trabalhou na indústria. “Com essa experiência em ambas, resolvi montar uma consultoria de carreira em casa”, aponta.
Como administrar trabalho e família? Um executivo nos Estados Unidos que exercia suas atividades no lar e tinha filhos pequenos, sentia dificuldades para conduzir essa situação e encontrou uma solução: colocava um boné na cabeça toda vez que estava trabalhando. Nesse caso, as crianças não podiam intervir em seu trabalho, pois era sinal que estava ocupado. Conciliar os dois lados depende de um plano de tarefas e maturidade profissional. “Já deixei bem claro para minha família que aquele tempo que estou em casa é exclusivamente para trabalhar, focado nas rotinas da mesma forma como se eu estivesse na empresa, e que preciso daquele espaço e tempo para executar corretamente as atividades”, observa Washington, que possui esposa e um filho. Para ele, se a pessoa desprender seu tempo para estar mais com a família do que com o profissional, ela acaba perdendo na produtividade e no foco.
A maturidade profissional é ponto chave para o sucesso em um escritório em casa. Os critérios de avaliação no sistema home office são diferentes do tradicional. Na empresa, o funcionário é avaliado pelo chefe. No trabalho à distância, a avaliação é mútua. O perfil da pessoa que deseja trabalhar em casa deve ser de quem já saiba aproveitar o tempo dentro da empresa e que não fique horas em redes sociais ou MSN, navengando na Internet e batendo papo em excesso. Ou seja, alguém que saiba produzir bem no tempo que tem. “Meu trabalho é prioridade na minha vida, não misturo família com o trabalho. Possuo meu escritório na residência e não confundo as coisas. A questão é você se determinar, montar um plano de trabalho e se policiar. É necessário administrar o tempo”, opina Janete Evangelista.
Antes de tomar a iniciativa de ter um home office, o profissional deve buscar conhecer os desafios do trabalho em casa. A administração do tempo é o principal fator e por esse motivo, um planejamento das atividades deve ser feito, como se estivesse trabalhando em uma organização. Disponibilizar um espaço exclusivo na casa para trabalho pode ajudar a desvencilhar a família da profissão. “Com o tempo, fui me aperfeiçoando, vi que tinha realmente que separar o tempo da família e o do trabalho e arrumei um espaço para tratar exclusivamente dos assuntos profissionais”, revela Washington.
Tecnologia em benefício
A evolução das tecnologias auxiliou na opção de muitas profissionais por trabalhar em casa. A inclusão digital, as facilidades da internet e telefonia são fatores primordiais para que essa módulo de trabalho fosse melhor aplicado. Profissionais que não possuam essa estrutura em suas casas podem ter dificuldades em desenvolver as atividades, já que presencialmente na empresa teriam melhores condições.
“Na minha casa possuo todas as ferramentas necessárias para desenvolver meu trabalho. Talvez muitas pessoas não tenham a mesma condição de internet veloz e telefone disponível para falar com todos os clientes, além de espaço reservado apenas para o trabalho, não misturando o que é sua vida pessoal com a profissional”, afirma Washington. A consultora Janete concorda: “praticamente ninguém vive sem internet hoje em dia e o acesso mais fácil aos meios de comunicação como os jornais, por exemplo, ajudou bastante para me instalar em casa”.
Possivelmente, a questão de trabalhar em casa vai ser uma tendência de mercado e as empresas vão investir cada vez mais nela, porque a companhia pensará não apenas nela, mas também na qualidade de vida de seu colaborador. O profissional terá um tempo maior para estar com a família e a produtividade pode melhorar. Já a companhia não terá gastos com energias, telefone, espaço físico e conquistará um alto retorno financeiro.