O conclave que elegeu o Papa Francisco I, primeiro pontífice latino-americano da História, somente aconteceu por conta da saída repentina de Bento XVI.
A renúncia levantou diversos pontos, como as questões éticas da igreja e seu regime político. Para muitos, deixar o cargo máximo do catolicismo foi uma forma de protestar contra valores que o último Papa não concordava. E nas empresas, quais são os motivos que fazem os líderes destituírem seus cargos?
A chamada “dança das cadeiras” entre gestores e executivosde alta escala hoje é considerado algo normal. A escassez de mão de obra do mercado atual faz com que os bons profissionais sejam disputados ferrenhamente e, por esse motivo, é fundamental um processo estruturado de retenção de talentos dentro das companhias.
Um fator que pesa bastante na decisão de ficar em uma empresa é o clima organizacional. O bom ambiente de trabalho e a relação saudável com os membros da equipe vale, muitas vezes, mais do que uma alta remuneração ou um número grande de benefícios.
É preciso analisar os interesses pessoais do líder e as condições ambientais da organização. Quando existe um equilíbrio entre essas duas partes, a parceria tende a ser mais eficaz. “Uma causa frequente da saída dos líderes é a busca constante de crescimento e evolução na carreira. Se a empresa onde atua não oferece mais essas condições, o indivíduo acaba insatisfeito e com uma produtividade abaixo do esperado”, aponta Paulo Oliveira, coordenador do curso de MBA em gestão de pessoas da BBS Business School.
Outro erro cometido por muitas organizações é, desde o processo seletivo de profissionais, não ser transparente com as pessoas. Muitas vezes, os valores e a cultura da empresa acabam sendo conhecidos durante a atuação na empresa, o que pode causar grande divergência de pensamentos.
Sucessão de líderes
Ao contrário da situação do Vaticano, onde existem diversos candidatos para assumir a posição de Papa, nas empresas ainda falta a preocupação de preparar herdeiros para o cargo de gestor. Um líder que deixa o cargo e “passa o bastão” para outro tem, muitas vezes, a função de evitar o continuísmo. Uma nova gestão faz com que ideias se reciclem e esta oxigenação interna é sempre benéfica.
“O líder, mais do que qualquer profissional, deve estar motivado e transmitir esse sentimento para sua equipe. Se a pessoa não está mais motivada em determinada função, a melhor coisa a se fazer é mudar de ares e procurar outro local para atuar”, conta Ricardo Barbosa, diretor da Innovia Training & Consulting. Para ele, é um processo que envolve uma comunicação eficaz: “Quando um gestor identifica que não consegue mais ser eficiente e colaborativo para a empresa, acredito ser uma atitude nobre pedir o desligamento e dar chance para outro continuar o trabalho”.
Ao se desligar do emprego, o líder precisa saber que existe um processo de passagem de conhecimento para o profissional que o substituirá. A empresa também precisa de um tempo de adaptação com o novo gestor e, atualmente, esse processo de substituição faz parte do procedimento de saída dos líderes. “Faz parte do profissionalismo, respeito e responsabilidade do profissional que está de saída. Até porque este tipo de informação chega aos ouvidos do mercado”, alerta Barbosa.
Paulo Oliveira, da BBS Business School, concorda e diz que os executivos precisam se preocupar com quem está abaixo deles em termos de estrutura. “A sucessão de líderes é algo deficitário no mercado de trabalho em geral, e uma tendência praticada pelas empresas a fim de combater essa falha é a condição de ter um sucessor desenvolvido em casos de promoção, por exemplo”, relata Oliveira.