Cresce a atenção das empresas sobre a saúde e seus impactos diretos na produção dos colaboradores. Neste contexto, a gestão de saúde populacional se torna uma ferramenta importante para debater diretrizes e ações que amenizem os índices de absenteísmo nas corporações.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um terço da população sofre de pelo menos uma doença crônica, entre casos de diabetes, hipertensão, reumatismo, doença pulmonar ou dislipidemia (distúrbios do colesterol). Esses males já respondem por 70% dos gastos com saúde no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, motivados pelo estresse da vida moderna, pelo sedentarismo e por maus hábitos alimentares.
Dos mais de 47 milhões de usuários de planos privados de saúde suplementar, cerca de 30 milhões (63%) são atendidos por planos coletivos empresariais, oferecidos aos colaboradores como parte do pacote de benefícios. Essa expansão segue o crescimento econômico do país e o maior número de trabalhadores formais, mas não acompanhou a proporção de pessoas em situação de risco e com patologias.
A incidência cada vez maior de doenças crônicas no Brasil, com a consequente explosão dos custos de assistência à saúde, entra na agenda de prioridades das grandes corporações nacionais. Doze dos principais empregadores do país uniram esforços para criar a Aliança para a Saúde Populacional(Asap). A nova entidade, sem fins lucrativos, congrega segmentos variados com a meta de promover atividades de estímulo à promoção da saúde.
Inspirada na Care Continuum Alliance (CCA), instituição americana fundada em 1999 com objetivo de alicerçar o conceito de Gestão de Saúde Populacional (GSP), a Asap começa suas atividades no Brasil. “As doenças crônicas estão em um estágio quase epidêmico no país, ampliando os índices de absenteísmo e onerando as empresas, que carecem de ferramentas e metodologias para controlar essas despesas”, avalia a superintendente executiva da Asap, Marilia Ehl Barbosa.
A GSP consiste em um sistema coordenado para monitorar e promover a saúde dos brasileiros, com a mobilização da iniciativa privada, “assim vamos assegurar a melhor utilização do sistema de saúde e valorizar a prevenção”, explica Barbora.
Para Fábio Abreu, responsável executivo pela AxisMed – Gestão Preventiva de Saúde, a saúde nas organizações vai muito além da assistência médica, envolve prevenção, saúde ocupacional, gerenciamento de doentes crônicos, PBM(Programa de Benefícios de Medicamento), mapeamento do risco de saúde da população e várias outras iniciativas. Ter todas essas iniciativas integradas e implementadas através de melhores práticas, e garantindo uma correta mensuração da sua efetividade, é o objetivo da GSP.
A intenção é minimizar os impactos na saúde, investimento na cultura da gestão de saúde. “Detectando as doenças e incentivando os pacientes a tratar o problema, teremos pessoas com mais qualidade de vida e mais produtivas no mercado de trabalho. E os custos para as empresas podem cair até 30%, com base no trabalho de entidades similares em países como África do Sul, Japão, Índia e Austrália”, relata Marilia.
Importância da saúde populacional para as empresas
Para Fábio Abreu é fundamental as empresas focarem no maior controle sobre seus gastos em saúde, redução do absenteísmo e presenteísmo, para permitir maior retenção dos profissionais.
Existem quatro áreas principais de resultados que as empresas devem buscar:
- Custos com Saúde – reduzir os custos com plano de saúde e relacionados;
- Desempenho – melhorar o desempenho e motivação no trabalho (produtividade, qualidade, entre outros);
- Imagem Interna – melhorar a imagem interna da empresa (retenção de talentos);
- Imagem Externa – melhorar a imagem externa da empresa (atração de talentos e responsabilidade social, entre outros);
- Custos Indiretos – reduzir custos indiretos com absenteísmo, presenteísmo, incapacidade e compensações – normalmente esses custos são bem maiores que os custos diretos com a saúde dos colaboradores.
Importância da gestão da saúde populacional para os trabalhadores
Do lado dos trabalhadores, os objetivos são outros, e quando se trabalha corretamente o status de saúde dos trabalhadores apresenta melhoras consideráveis focadas em:
- Educação – as pessoas devem aprender e terem acesso a recursos para terem uma vida saudável;
- Envolvimento – pessoas devem desejar e serem incentivadas a participar de ações para mudar sua saúde;
- Mudança de comportamento – encorajar colaboradores e dependentes a vivenciarem novos comportamentos e atitudes sustentáveis;
- Perenidade – tornar o programa parte da cultura da empresa e da vida de sua população;
- Acesso – permitir oferecer às pessoas o acesso ao recurso adequado a sua condição e risco de saúde garantindo maior efetividade (maior qualidade ao menor custo);
Gestão de Saúde Populacional e a ASAP
Para conseguir atingir o maior número de pessoas a Asap pretende incentivar inúmeras atividades, como:
- Atividades de compartilhamento e debates sobre as melhores práticas de gestão de saúde, o que inclui apresentação de cases em empresas e estudos;
- Workshops, cursos, seminários e outros eventos para disseminação de conhecimento;
- Produção de material institucional de conteúdo técnico sobre iniciativas, soluções e novos produtos;
- Criação de um departamento técnico para desenvolvimento de estudos, pesquisas, métricas e indicadores;
- Desenvolvimento e fomento de metodologias de certificação de empresas;
- Iniciativas para integração de gestores de empresas e instituições que atuam com gestão de saúde populacional;