Que estamos na Era da Inovação, todo mundo já sabe. Todos os dias nos deparamos com um produto, serviço, notícia ou ideia sobre os quais pensamos: “Que demais! Genial! Como isso já é possível? Tem limite? Onde vamos parar? Vamos parar? Precisamos parar?”
Como sócia-diretora da Companhia de Idiomas, preciso amar a Inovação. Não para abandonar o que fazemos tão bem e abraçá-la forte no momento em que ela surge na minha frente – mas para abandonar o que fazemos, sempre que ela atender a um desejo do cliente (mesmo que o cliente ainda não saiba que a quer ou que precisa dela). Porque os maiores desejos não são verbalizados em nossas eternas pesquisas de satisfação, já que o cliente só descobre que quer algo quando vê o lançamento no seu concorrente. Assim, temos de nos antecipar ao cliente e ao concorrente.
Não é mais suficiente atender os desejos do consumidor/cliente. Temos de antecipar desejos, “lendo” a sociedade, ouvindo o que o cliente não diz – e relacionando as novas descobertas ao que vendemos ou seríamos capazes de vender.
A inovação gradual sempre me atraiu. Não posso negar que ela seja mais confortável: aos poucos, vamos ajustando aqui e ali, sem medo de fazer um pouco diferente. Um funcionário atento recentemente me alertou: “temos de ter cuidado para não ficarmos só tirando linhas e abas de planilhas, ou cliques do sistema operacional e acharmos que estamos inovando ou simplificando”. É preciso ter coragem para a inovação disruptiva. Para quebrar tudo, mudando o jeito de ver, ouvir, sentir e fazer.
Inovação e Tecnologia são irmãs. Diferentes, uma existe sem a outra, mas estão bem ligadas. Mesmo que o nosso negócio não tenha muito a ver com tecnologia, é hora de – assim como na inovação – parar de rejeitá-la, e começar a buscar maneiras simples, baratas e criativas para se beneficiar com a tecnologia:
– simplificando processos (e diminuindo custos e/ou despesas)
– tornando a experiência do cliente mais agradável (e buscando uma fidelização desde o primeiro contato)
– melhorando a qualidade de vida dos colaboradores (e diminuindo despesas/aumentando produtividade/aumentando motivação)
– mantendo o time capacitado, treinado, preparado para um mundo V.U.C.A. (em português – volátil, incerto, complexo e ambíguo), com menos investimento
– conseguindo finalmente ter um preço mais competitivo (e aumentando as vendas, sem comprometer a margem de lucro)
– tendo mais tempo para o que mais importa: relacionar-se com as pessoas envolvidas no negócio (clientes e possíveis clientes, fornecedores, colaboradores, sócios)
Inovação e Tecnologia, em um ambiente colaborativo (e não competitivo), com gente ágil e criativa, podem mudar o resultado, o destino e o legado de uma empresa.
Cerca da metade das empresas que constavam na lista das 500 maiores dos EUA da revista Fortune, em 2000, não existe mais. É possível imaginar a enorme capacidade de uma Fortune500 de investir em tecnologia para inovar produtos e processos. Mas também sabemos como é difícil um gigante se mover rapidamente.
Se você tem uma ou trabalha para uma MPE (micro e pequena empresa), precisa aprender a se mover rapidamente. Essa é a sua principal vantagem competitiva com relação a players maiores. Se não fizer isso, você acumula desvantagens demais, e o gigante pode derrotar você.
No livro “Davi e Golias”, Malcolm Gladwell nos conta como Davi (fraco e pequeno) consegue vencer Golias (forte e grande). Será que na Era da Inovação, as MPEs não podem até levar vantagem, por terem processos mais flexíveis, serem mais ágeis e por estarem mais próximas do cliente final? No setor de Serviços, esta é uma certeza.
A Era da Inovação também pode significar o questionamento do SeisSigma em alguns contextos. Nos anos 90 tínhamos aquela fixação por perfeição, a ponto de manualizar e engessar todos os processos, até mesmo no setor de Serviços. Agora temos de colocar foco na experimentação.
Acolher o teste diário, e seus erros consequentes. Criar uma maneira de fazer fluir as ideias, os testes, os erros – sem que o cliente perceba. Ou, que ele perceba, e entenda o movimento. Que ele não se frustre, mas contribua com suas percepções iniciais sobre a inovação que você proporcionou e seu valor em sua vida. Que ele fique feliz por termos descoberto o que ele queria e não sabia que queria. E que pague satisfeito, dizendo que vale cada centavo. Amém.
Ler, ouvir, ver, sentir o cliente. Acolher a tecnologia em qualquer segmento e área. Testar, ajustar, se mover rapidamente.
Sobre a autora:
Rosangela Souza (ou Rose Souza) é fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas. Graduada em Letras/Tradução/Interpretação pela Unibero, Especialista em Gestão Empresarial, MBA pela FGV e PÓSMBA pela FIA/FEA/USP, além de cursos livres de Business English nos EUA. Quando morava em São Paulo, foi professora na Pós Graduação ADM da FGV. Desenvolveu projetos acadêmicos sobre segmento de idiomas, planejamento estratégico e indicadores de desempenho para MPMEs. Colunista dos portais Catho, RH.com, MundoRH, AboutMe e Exame.com. Desde 2016, escolheu administrar a Companhia de Idiomas à distância e morar em Canela/RS, aquela cidadezinha ao lado de Gramado =) . Quer falar com ela? rose@companhiadeidiomas.com.br ou pelo Skype rose.f.souza