As empresas se preocupam cada vez mais com o impacto que a falta de capital humano pode causar na sustentação da vantagem competitiva. A Gestão por Competências é uma grande aliada neste sentido, tema de mais um EncontRHo, ciclo de palestras promovido pela Editora Fênix.
O convidado desta edição foi Cláudio Queiroz, especialista em RH, autor de livros e professor. O evento aconteceu na sede da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), no dia 20 de setembro, em São Paulo. Na apresentação, Queiroz apresentou competências fundamentais para o autodesenvolvimento dos profissionais, e como elas podem auxiliar no crescimento das organizações. “O autoconhecimento envolve vários itens, como a identificação das competências, dos valores, das crenças , dos medos e da trilha de carreira. A maioria das pessoas não possui clareza de que, se conhecer melhor, as auxilia a escolhas mais conscientes”, explica o palestrante. Para ele, tanto lideranças, quanto organizações podem contribuir em ações para o desenvolvimento das pessoas, a fim de auxiliá-las a verem itens que vão ajudá-las a se perceberem melhor.
O Relacionamento Intrapessoal (capacidade se autoconhecer, se automotivar, a fim de criar um processo de desenvolvimento) evita, como cita Cláudio Queiroz, a vitimização: “é uma fuga de contato consigo mesmo. Na medida em que me conheço profundamente, deixo de ser vítima e passo a ser responsável pelos meus caminhos na carreira. A grande questão é que a vitimização deixa o profissional cômodo e, de certa forma, torna-se uma desculpa para não fazer o que exigirá coragem, persistência e paciência”.
Assumir a responsabilidade pelos objetivos e deixar de culpar os outros pelas não-conquistas pode ser definido como Gestão da Mudança, pois no momento em que a pessoa procura culpados para não assumir a responsabilidade, encontrou uma desculpa para não agir.
Existem competências deficitárias na realidade do meio corporativo atual. A Comunicação é um exemplo, pois nem sempre o empregado sabe o que é esperado dele, assim como a liderança não expõe claramente suas expectativas em relação a indicadores e resultados. Outra competência importante, e que precisa ser melhor desenvolvida, é a Visão Sistêmica – encontramos, nas empresas, profissionais preocupados somente com a gestão e resultados do próprio departamento, quando deveriam estar mais envolvidos e comprometidos na esfera empresarial como um todo.
Responsabilidades do RH
A partir de 1990, com o início da globalização, o Brasil passou a ter uma gestão mais profissionalizada e começamos a ter nível de competitividade com a abertura das importações. Nesta época, as empresas começaram a ter um cuidado muito maior com recrutamento, seleção e treinamentos. O próprio profissional começou a buscar mais o autodesenvolvimento.
O grande desafio do RH, hoje, é estar um passo a frente do papel de não apenas treinar, mas também auxiliar as empresas a preparar equipes para o desenvolvimento sustentável da organização. Para tal, é necessário que o profissional de Recursos Humanos conheça o negócio da empresa, e que esteja presente em outros departamentos para absorver a realidade dos funcionários. “Hoje, cada um deve executar sua parte: o empregado, a liderança e a organização. Quando juntamos a inicial destas palavras, temos o termo ‘elo’. Acredito que o elo precisa estar integrado para fazermos a gestão de alta performance”, opina Queiroz.
Identificar quais são as competências das pessoas através de entregas e resultados é fundamental, mas é importante, também, que, no processo seletivo, sejam levantados quais são os talentos dos colaboradores. Segundo o palestrante, “dependendo do perfil do indivíduo, este pode dar melhores resultados e ser mais feliz se for encaminhado para uma área na qual se identifique”.