O coaching, em âmbito profissional, é um poderoso processo, que pode promover uma mudança significativa na vida de quem o pratica. Esta transformação ocorre tanto para o coach quanto para o coachee.
O aprendizado pode potencializar nossa vida profissional e, ao mesmo tempo, a pessoal. Sobretudo, nos faz perceber, que os campos, profissional e pessoal, são uma mesma coisa; esferas de uma única vida.
Profissionais do setor de treinamento, por exemplo, afirmam, que, antes de ser tornarem coaches, interpretavam seus trabalhos como capacitação profissional. Após se formarem, ou, ao contratarem tal processo, ampliaram suas percepções, e passaram a ver as mesmas atividades como desenvolvimento humano.
Psicólogos clínicos, por exemplo, de diversas partes do mundo, aderem à formação como coach, com o objetivo de melhorarem ainda mais seus atendimentos. Grandes instituições do setor educacional, de um modo geral, compartilham conhecimentos extraordinários. No coaching, compartilha-se conhecimentos extraordinários, mas, também, a ciência do afeto.
Neste contexto, aprende-se a transmitir conhecimento, mas, também, conhecimento com amor. Assim, o objetivo é aprendermos a lidar com as nossas razões e emoções, de maneira equilibrada. Nesses termos, as razões relacionam-se com o conhecimento, e as emoções, com o afeto. As razões, ainda, com a administração, e as emoções, com a liderança, e assim por diante, em uma linha mútua bilateral.
Na prática, quando aplicamos nosso conhecimento técnico produzimos mais em nosso trabalho, entretanto, quando incorporamos o afeto, conjugando-o com o nosso conhecimento, passamos a ter, não apenas uma relação melhor com os nossos clientes, mas sim, também, com nossos familiares e amigos.
Dentre os inúmeros aprendizados que o coaching nos promove, tanto no campo afetivo quanto no dos conhecimentos gerais, destaca-se, também, um conceito que é essencial para o nosso desenvolvimento, que é a ciência da Plenitude.
Estar pleno é uma habilidade comportamental, que envolve toda a ecosofia humana, ou seja, nossas esferas pessoal, social e ambiental. Dentro de um processo de coaching, aprende-se alguns tópicos relacionados, como, por exemplo, o paradoxo psicológico entre emoção e razão.
Em uma análise sintética, nosso cérebro é subdividido em dois hemisférios: o do lado direito e o do lado esquerdo.
No hemisfério do lado direito prevalece as sinapses neurais das nossas emoções; no hemisfério do lado esquerdo, as razões. Portanto, com base nas considerações acima, o coaching trabalha tanto nossas emoções (afeto) quanto nossas razões (conhecimentos). Tão logo, nosso hemisfério cerebral do lado direito, por ser o da emoção, também é o da criação, e, assim, naturalmente, o do futuro; já, o hemisfério do lado esquerdo, por ser o da razão, também é o do conhecimento, da memória, e, assim, naturalmente, o do passado.
Por metáfora, muitas vezes interagimos com o nosso cérebro como se houvesse um pêndulo balançando-se o tempo todo, para um lado e para o outro: para o lado esquerdo e para o lado direito, e assim sucessivamente. Conforme vimos acima, o hemisfério esquerdo é o lado do passado; o hemisfério direito é o lado do futuro. Portanto, o pêndulo balança para o lado esquerdo e para o direito. E, nós, na prática, ficamos, grande parte de nosso tempo, sem percebermos ‘’balançando o pêndulo’’ sobre nossos pensamentos, entre o passado e o futuro.
Segundo os estudos da Neurociência, do momento em que acordamos até a hora em que vamos dormir, temos uma média de 70 mil pensamentos. O que corresponde a trilhões de sinapses neurais, diariamente. De maneira inconsciente não nos damos conta de quantos desses pensamentos são relativos ao passado, quantos são relativos ao futuro, e, por fim, quantos estão interagindo em tempo real com o presente. Esta ‘’aterrissagem’’ no presente é a ciência empírica da plenitude.
Em uma análise psicológica, a metáfora do pêndulo se explica através do estado humano de nostalgia, que significa excesso de passado, ou através do estado de ansiedade, que significa excesso de futuro. Portanto, podemos passar mais tempo de nossos dias pensando, de forma nostálgica, no passado e, de forma ansiosa, no futuro, muito mais do que imaginamos.
Embora, também, precisemos de momentos, tais como, de introspecção, reflexão, meditação e oração, na prática, quando paramos para refletir, podemos nos surpreender, ao percebermos que estamos pouco plenos com o nosso presente.
É importante avaliarmos o quanto de nossos milhares de pensamentos, diariamente, estão relacionados ao passado, quantos estão relacionados ao futuro, e quantos estão plenamente interconectados, raciocinando em tempo real, com o presente momento.
O grande exercício que devemos praticar é o da plenitude, que é o de se estar no presente, plenamente, aproveitando-se de forma sinestésica nossa realidade.
Na prática, significa centralizarmos nossos pensamentos no tempo presente, tocando, vendo, ouvindo e sentindo, na essência, as pessoas e os lugares, que são importantes em nossa jornada diária. Em temos de audição, por exemplo, nesta questão, percebemos que muitas vezes não estamos ouvindo na essência ao nosso cliente, a um amigo ou a um parente próximo.
Em uma ótica sociológica, a rotina de trabalho ou de vida pessoal, por exemplo, ao lado de uma mesma pessoa, em um mesmo ambiente, faz com que percamos um pouco a plenitude dentro deste cenário.
De um modo geral, nos tempos atuais, com uma gigantesca interconexão digital, com o uso constante de tecnologia Mobile, é importante praticarmos a plenitude como ferramenta para melhorarmos nossa presença no campo físico, visto que estamos cada vez mais plenos na esfera digital (virtual), e menos na esfera física (real).
Pesquisas divulgadas no mês de setembro de 2015, por exemplo, em diversos canais de mídia, no Brasil, apontaram que entre 2014 e 2015 aumentou em 60% o índice de pessoas diagnosticadas como viciadas em smartphones, tal como, em redes sociais da internet.
Por estas e diversas outras razões, exercitar a plenitude, de forma consciente, dando-se a melhor atenção possível para os lugares e pessoas com quem convivemos, e, principalmente, às que amamos, é uma espécie de individuação e ressignificação de valores, a respeito do que realmente nos importa, e sobre o que realmente merece nossa plena atenção.
Por fim, seja de forma consciente ou inconsciente, um cliente compra um produto, com mais confiança, por exemplo, quando percebe que o vendedor lhe atendeu com plenitude. Um Coach ou um Psicólogo precisam atender plenamente ao seu coachee ou paciente, para que este, de maneira especular, naturalmente, torne-se, mais pleno, não apenas dentro de seu processo ou análise, mas, sim, em toda sua vida. Parentes e amigos se sentem mais próximos quando percebem que estão relacionando-se de forma mais plena.
Sobretudo, busquemos viver, da melhor forma, o nosso tempo presente, com muita plenitude!
* Artigo extraído do livro “O Impacto do Coaching no Dia a Dia” (Editora Bookstart), em que Daniel Lascani é coautor.
Daniel Lascani é jornalista, publicitário, palestrante, leader coach, do IBC – Instituto Brasileiro de Coaching; pós-graduado em Psicologia Junguiana pela PUC/Rio; apresentador dos canais BusTV e TV Max; autor do projeto social Comunidade Profissional. Colunista e consultor da Catho; palestrante no mercado imobiliário para Patrimóvel, Carvalho Hosken e Remax, de Portugal; autor e palestrante do projeto social Comunidade Profissional; e editor do Portal Nova Consulta – www.novaconsulta.com.br